Dragon Age RPG

Dark Fantasy Roleplaying… no Brasil!

Uma nova era para os RPGs de Fantasia

Já se passaram muitos anos desde que o ultimo Blight devastou as terras de Thedas. Muitos acreditam que isso nunca acontecerá novamente, que a Dragon Age passará sem que tal mal se erga das trevas. Eles estão errados. Além da terra os darkspawn movimentam-se. Um novo archdemon nasceu e junto com ele um Blight que irá devastar as terras e escurecer os céus. As nações de Thedas precisam de uma nova geração de heróis, mas quem vai atender a tal chamado?

O RPG de Fantasia vai ao encontro de suas raízes mais sombrias e rudes com o Dragon Age RPG, o mais novo lançamento da companhia que trouxe até vocês A Song of Ice and Fire Roleplaying e Mutants & Masterminds (Green Ronin). Baseado no incrível sucesso Dragon Age: Origins, para computador, Xbox e PS3, o Dragon Age RPG tras a excitação e a riqueza dos jogos da  BioWare para o universo dos RPGs tradicionais. Faça seus próprios heróis e controle seu próprio destino quando a Blight assombrar Thedas mais uma vez.

Escrito por Chris Pramas ( que entre suas obras assina Warhammer Fantasy Roleplay, Freeport), Dragon Age trás todo um novo sistema de regras que é ao mesmo tempo excitante de jogar e divertido de aprender. A caixa básica inclui:

  • Um Player’s Guide, com 64 páginas, com uma introdução ao RPG tradicional, background de Thedas e a nação de Ferelden, um guia completo para a criação de personagens,regras para personagens, classes e talentos, magia e as regras básicas do jogo.
  • Um Gamemaster’s Guide também com 64 páginas, com uma introdução para essa importante tarefa que é comandar o jogo, dicas sobre a arte de mestrar, regras avançadas, e uma aventura introdutória que vai jogar os personagens direto no fantástico mundo de Dragon Age.
  • Um belíssimo “poster map” da nação de Ferelden, o cenário inicial de Dragon Age RPG.
  • 3 dados comuns de 6 faces.

Dragon Age RPG é o portal ideal opera os jogos tradicionais de RPG. O sistema é simples e as resoluções são feitas com uma simples rolagem de dados. Dragon Age também trás um inovador sistema de “stunts” que mantém o combate e a magia tensos e excitantes.

Então, reúna seus amigos, agarre alguns dados, e prepare-se para entra num mundo de heróis e vilões, de cavaleiros e darkspawn, de deuses e demônios… o mundo de Dragon Age!

Ok, esse é o material promocional do jogo que você encontra na página da Green Ronin, produtora e desenvolvedora do jogo. O jogo com a caixa custa aproximadamente 30 doletas (está esgotado) e a versão PDF custa algo em torno de 18 doletas (esse tem de sobra). Lá você também encontrará dicas, material gratuito para baixar, a palavra dos desenvolvedores, diários de produção… tudo para se familiarizar mais rápido com o jogo.

Mas por que eu estou falando disso aqui? Bom, porque o jogo será publicado no Brasil, no fim do ano, no formato caixa, pela Jambô. A notícia saiu no site do meu amigo Tek, a ponto vinte, mas já tinha sido largamente spoilled pela revista Dragon Slayer. Esse deve ser o primeiro RPG medieval importando, não D&D que é trazido para o Brasil nos últimos 10 anos. Se não me falha a memória a última tacada desse tipo foi o GURPS Fantasy.

Mas a pergunta continua: e daí? O que vai mudar o meu mundo com esse jogo?

Bom, antes de mais nada é bom ver o RPG brasileiro se recuperando. A jambô vem trabalhando com dignidade no seu nicho de ocupação, trazendo produtos com regularidade e qualidade. Juntamente coma devir ela se apresenta como uma polarizadora de jogadores e lançadora de tendências. Foi ela que trouxe o M&M para o Brasil e o famoso Reinos de Ferro, livros considerados pesos-pesados para a situação nacional.

É interessante ver o mercado se renovando e usando o apelo de um jogo tão bom quando o Dragon Age Origins, um dos mais bem sucedidos jogos multiplataforma que já tive a oportunidade de por os olhos em cima. Os gráficos tanto da versão PC quanto da versão console são de cair o queixo e a jogabilidade é desafiadora e intuitiva. A história e os diálogos não deixam nada a dever em relação a outros títulos pesos-pesados do mercado, como é o caso de FF e WoW. Outro ponto de destaque é que o jogo vem em formato de caixa. Sei lá, desde o D&Dzinho da Grow que não temos nada assim no Brasil. E o fato de termos algo assim sinaliza claramente para tazer de volta aos RPG os jogadores mais jovens. Sim, porque em formato de caixa ele passará a ser vendido em lojas de brinquedos. Ou seja, quando você for as Americanas ou qualquer outra loja grande de departamentos poderá se deparar com um Dragon Age ali, paradinho do lado de um Imagem&Ação ou mesmo do classicão War.

Mas até que ponto o jogo é válido para além do mercado de RPG? Bem, Dragon Age veio concorrer com pesos-pesados no Brasil como o D&D e o Tormenta RPG. Com o fim do D&D 3.5, títulos de fantasia que usavam a sua mecânica como espinha dorsal perderam força nas terras tupiniquins. Sem o livro do jogador, que não é mais publicado pela Devir e com a falta de um SRD brasileiro bem traduzido e de fácil acesso, esses títulos tendem a perder jogadores. O apoio de uma editora ou uma sólida e unida base de fãs é primordial para que um sistema sobreviva. Dragon Age vai tentar, ao meu ver, bater em dois fronts que estavam sendo ignoradas pelas outras mídias do mercado: 1 – ele vai tentar alcançar novos jogadores em seu próprio território (é um jogo derivado de um mega-sucesso dos jogos de computador e será vendido em lojas de brinquedo); e 2 – vai usar de uma mecânica simples e intuitiva para alcançar jogadores mais jovens. Quando ele usa como dados o dado comum de seis faces e como mecânica básica o 3d6 + habilidade + focus  ele está acenando com uma mecânica simples e direta. Nada de dados complicados para jogar, ou nada de regras complicadas para decorar.

Mas esta simplicidade tem um preço. Socar todo um jogo + cenário numa caixa com três dados, um pôster e dois livretos de 64 páginas tem um custo. E nem estou pensando no custo financeiro aqui. Baixei os dois (Guia do Mestre e Guia do Jogador) para dar uma olhada e não pude deixar de sentir que ele tenta simular o jogo eletrônico pelo papel. Sse sim, seria o verdadeiro Videogame de Papel, deixando a comparação D&D4.0-WoW no chinelo. São poucas opções de personagem (apenas três classes e três raças), regras sem atrativos especiais aparentes, pouco conteúdo sobre o mundo, limitadas as regiões do jogo (que aliás, já são poucas). Ao invés de usar o livro para apresentar o cenário inteiro de uma só vez, o livro peca por mostrar pouquíssimas áreas e por ser e extremamente genérico. Aliás, essa discussão sobre a generalidade dos cenários de fantasia no Brasil é meio que recorrente, com muita gente descendo o pau em cenários que são tidos como “arroz com feijão” como é o caso de Forgotten Realms e Greyhawk. O material inicial de Dragon Age é por demais genérico, não demonstrando ali o seu diferencial. O diferencial vai ocorrer em jogadores que já viram o que está no livro numa tela ou monitor e com um controle nas mãos.

Sobre o mundo eu esperava ter mais informações nos livros. Os livros se desdobram de forma legal, criando a expectativa de novas caixas, onde teremos mais desses mapas e novas regiões de Farelden para explorar. A Magia consome mana. Temos Pontos de Mana na ficha. Via de regra eu adoro disso – desquece aquela frescurada de lançou/esqueceu do sistema vanciano de magias. Lembra um pouco o Exalted (aliás, alguém pode me dizer por que esse nunca viu a luz do sol em terras tupiniquins?).

Em muitas passagens do texto em pensei se não seria melhor jogador o jogo original do que a sua versão offline/offpower. No mais, para quem conhece RPG com alguma profundidade (um ou dois anos de jogo) bastava pegar as regras do D&D 3.X, limar as regras de classe, raça e magia e pronto: terá adaptado o sistema conforme o jogo.

Se a Jambô conseguir reproduzir a qualidade do papel e das ilustrações gringas o jogo terá um atrativo a mais. A arte é ótima, o acabamento é bem feito e dá para se ter bem a idéia do que o cenário apresenta. Diferente de tormenta, que numa página tem SD de elfas peitudas e no outro tem desenhos mais sérios, as ilustrações em Dragon Age contribuem para fortalecer o livro. Elas não estão lá apenas para enfeitar.

Dragon Age inaugura a meu ver uma nova vertente do RPG. O RPG de marca em que a versão impressa é uma forma de você se aventurar sem conexão e sem controles e joysticks.

A pergunta que realmente importa é: vale a pena gastar o meu dinheiro com isso? A resposta mais segura é sim, vale á pena. Apesar de todos os defeitos, as qualidades de Dragon Age vicejam. É uma nova linguagem para o RPG, mais adaptada aos jogadores que depois de receberem uma espada bastarda dizem “sinistro”. Eu vou comprar. Moonshadows, aguarde minha encomenda.

11 Comentários (+adicionar seu?)

  1. Trackback: Tweets that mention Dragon Age RPG « Lote do Betão -- Topsy.com
  2. Guilherme
    maio 09, 2010 @ 16:36:16

    Interessante a análise Valberto. Lembro daquela época de Dragon Quest, Hero Quest, etc. Quero ver se consigo fornecer algo parecido com Dragon Age.

  3. Arquimago
    maio 09, 2010 @ 16:42:33

    Acho que acabo comprando tambem, afinal nao deve ser muito caro para poder estar em lojas de brinquedos e pais serem convencidos a dar aos filhos.

    Mas fico muito contente em ver o mercado crescendo e investindo em novos jogadores!

    Mas queria saber mesmo… ja que vai sair RPG em Caixa sera que tem alguma miseza chance de chegar as caixas do Warhammer Fantasy Roleplay, em portuges?

  4. Gilson • RPG • Educação
    maio 09, 2010 @ 17:57:41

    O que é “SD de elfas peitudas”?

    Gilson

  5. valberto
    maio 09, 2010 @ 18:48:11

    SD é a sigla para Super Deformed.

  6. Remo
    maio 09, 2010 @ 19:44:19

    Do último parágrafo, “é uma nova linguagem para o RPG.”

    Não sei de nada que esse Dragon Age faça que já não tenha sido feito antes. O cenário não surpreende, e o sistema é predominantemente tradicional. Nem mesmo o apelo de uma marca hypeada é algo novo.

    Classe-raça? Níveis? Um tipo pesadamente predominante de ação (porradinha)? Elfo, anão, mago de saias? Onde que já vi essas coisas antes? Mais fácil perguntar onde *não* vi.

    Ou seria um caso de “o velho é o novo novo”?

  7. valberto
    maio 09, 2010 @ 19:54:51

    Quando eu falo de nova linguagem eu falo de onde ele vem: ele não foi um rpg de mesa que virou RPG de computador e sim o contrário. A experiência de jogar DA já existe sem a necessidade de livros, dados e amigos. A possibilidade que ele tras é tentar ser uma linguagem que apele para a nova geração. Gente que provavelmente viu o jogo na tela da sala antes de ver na loja e consequentemente na mesa da cozinha.

  8. Gilson • RPG • Educação
    maio 10, 2010 @ 10:00:38

    Ainda bem que alguma editora teve coragem para fazer isso no Brasil! Além da Daemon e seu RPG Quest nas bancas. São produtos que criam novos jogadores de RPG.

    Gilson

  9. Shingo Watanabe
    maio 10, 2010 @ 11:40:04

    Quando eu fiquei sabendo da noticia do Dragon Age em portugues, a boataria estava rolando faz um tempo já, em primeiro momento eu fiquei feliz, seria mais um título de RPG no Brasil. Mas depois que eu li os .pdfs eu fiquei com aquela cara de “méh”. O jogo é realmente voltado para quem é fã do videogame, para quem já joga RPG, não trará nada de novo.

  10. Brad
    maio 10, 2010 @ 17:57:31

    Concordo com a análise do Valberto. Vejam bem, é um sistema que tem como objetivo atingir quem já jogou dragon age, e portanto já tem conhecimento do cenário.

    Gostei da mecanica dos stunts, é caótica e justamente por isso torna o combate bastante tenso.

    Lendo os posts do Chris Pramas sobre o design do jogo ele afirma várias vazes que o objetivo de dragon age rpg é oferecer um sistema fácil de aprender e que emule da melhor maneira possivel o ambiente do jogo.

  11. Ricardo Foureaux
    maio 10, 2010 @ 18:39:29

    Eu acho que é uma aposta que vale sim. Principalmente para trazer novos jogadores. Afinal, no fundo no fundo, esse é um jogo mais infantil, não pelo cenário, mas pela simplicidade das regras.

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