Classes extras para D&D 5e.

Precisamos mesmo delas?

Recentemente um conhecido meu postou duas core-classes “novas” para o novo D&D 5e. O Samurai e o Cavaleiro. Cada classe tinha suas próprias características, poderes e habilidades – algumas bem roubadas e desbalanceadas. Mas não foi nem isso que chamou a minha atenção. O que chamou a atenção foi justamente outro comentário:

“Não acho que seja necessário criar uma classe pra representar o samurai ou o cavaleiro. Ambas as classes podem ser guerreiro ou até paladino com um background bem escolhido e escrito. As escolhas do elo e do defeito podem fazer fácil o arquétipo do samurai. (…) Resumindo: quebrado e desnecessário. Basta um Guerreiro (com o background Nobre) e a especialização Mestre da Guerra para fazer um bom samurai ou um paladino nas mesmas condições para fazer um cavaleiro”.

Isso abre uma discussão interessante: precisamos mesmo de classes novas com um sistema tão novo como o 5e? Não exploramos nem 20% do livro ainda! Pare para pensar: o que é um Viking se não um bárbaro ou guerreiro com roupas, armas e costumes diferentes? Uma bruxa boa nada mais é do que uma Warlock que se ressente do seu pacto. Mesmo um Caçador de Vampiros nada mais é do que um personagem que foi focado em na perseguição, destruição e eliminação destas criaturas: paladinos, rangers, bárbaros, magos, clérigos, e até mesmo ladinos podem ser ótimos caçadores de vampiros. Cada um com suas características únicas, só que direcionadas pela escolha do background e da especialização.

O mesmo vale para qualquer um, mesmo o mais vil dos assassinos: matar não requer nenhum poder especial – apenas a habilidade de distribuir encontros entre deuses e seus devotos por meio da morte. Escolher um título pomposo não deveria forçar você a ir dentro de um livro novo apenas para escolher uma nova classe. No que o assassino do manto branco é melhor que o assassino comum, igualmente bem montado?

Escolher um conceito novo não deveria dar a você também novos poderes ou habilidades. Um samurai especialista em arcos poderia muito bem ser feito com um guerreiro ou ranger com especialização em arcos e não com uma classe completamente nova, cheia de poderes normalmente desproporcionais. Bons personagens são aqueles que focalizam suas perícias e habilidades para fazer aquilo que o jogador deseja.

Um bom exemplo disso é a personagem secundária Miko Miyazaki (http://en.wikipedia.org/wiki/Miko_Miyazaki) da web comic “Order of The Stick”. Apesar de portar uma katana e uma wakizashi, e de ter sido criada em Azure City – uma cidade que lembra de certa forma a cultura militarizada dos samurais do Japão Feudal, Miko não tem nada de samurai com ela. Ela é apenas uma Paladina – como frisou o autor em uma de suas tirinhas – com pouca capacidade de diferenciar bondade de justiça. Em outras palavras, você pode usar uma katana, uma wakizashi e falar de honra e de justiça, sem jamais ter posto os olhos no “Aventuras Orientais” ou no Mítica – os caminhos do oriente”. E o mesmo vale para qualquer outra coisa: você não precisa ter lido nenhuma linha de novos sub sistemas dentro do próprio D&D pra se divertir com alguma coisa nova e interessante.

Outro bom exemplo disso é o personagem encarnado por Silvester Stallone – John Rambo. No primeiro filme ele não passa de um ex-fuzileiro que se tornou um andarilho num mundo que não o quer ou que não precisa mais de seus serviços. O que ele lhe parece? Um ranger (com o background Forasteiro) que depois da guerra perdeu seu lar e seus amigos e hoje vive como um pária sem rumo. Adicione a isso as lições de sobrevivência do Rambo I e você terá um ranger como nenhum outro.

Quer dizer que é errado usar multiclass, classes extra-oficiais ou coisas assim? De forma alguma. Você usa aquilo que prefere. Para alguns jogadores não basta o título – para eles um ninja é mais que um cara que usa roupas negras e porta uma espada com um monte de shurikens. Para eles, o ninja precisa ser retratado como eles acham que ele é. Daí surgem as centenas de variáveis da classe. Mas tudo bem. RPG sempre foi e sempre vai ser um jogo de escolhas e não de restrições.

Background: Ex-escravo para D&D 5e

Ex-escravo

“Eu não tenho recordações da minha vida anterior, da minha vida antes dessas marcas que cobrem todo o meu corpo. A minha primeira lembrança é a dor excruciante que senti ao recebê-las. O meu antigo mestre me chamava de pequeno tigre por conta dessas marcas que ele me fez. Hoje o tigre cresceu e está faminto por vingança”. – Fenris, Elfo Guerreiro, Ex-escravo.

 

Você passou toda ou boa parte de sua vida trabalhando como escravo para o benefício de outras pessoas. Você pode ter sido sequestrado e vendido como escravo, condenado por um crime especialmente cruel ou simplesmente ter nascido nesta condição. Seja lá como for hoje você é livre para se aventurar pelo mundo tendo comprado ou conquistado sua liberdade.

 

 

Proficiências:

Insight e Sobrevivência.

 

Ferramentas

Um conjunto de ferramentas de artesão relacionado à sua antiga profissão como escravo.

 

Idiomas

Uma linguagem bônus usada por seus antigos mestres.

 

Equipamento

Uma muda de roupas comuns, um conjunto de ferramentas de artesão, uma pequena bolsa contendo objetos sortidos como moedas e pedras semipreciosas num valor total de 10 moedas de ouro.

Customização

Escolha ou role na tabela abaixo para determinar sua antiga função como escravo.

Minerador.
Escravo doméstico.

Trabahador braçal.

Condutor de carruagem, pajem, ou treinador de animais.

Servo pessoal.

Guarda.

 

Características

 

Recurso: Se encaixando. Como um ex-escravo você conhece bem os meandros da vida nas casas grandes, nos castelos, nos templos e nos diversos locais e instituições. Você pode localizar instantaneamente a “entrada de empregados” e desde que seus colegas de grupo não estraguem tudo você pode negociar com facilidade a sua entrada nesses lugares. Você pode andar quase que livremente nesses lugares, agindo como se fosse um dos empregados do local.

 

Características Sugeridas

Escravos ou ex-escravos normalmente são pessoas com comportamento humilde e discreto, como se possuíssem uma aura de subserviência, mesmo anos após serem libertados. Um ex-escravo tende a obedecer autoridade, temer ou evitar aqueles com alto poder. Em contraste, alguns desenvolvem aversão por autoridade, desafiando abertamente ordens e comandos, não importando de quem elas venham.

 

Personalidade

  1. Eu tenho um olhar temeroso e sempre falo de forma apaziguadora e cordata. É difícil para mim impor a minha opinião.
  2. Minha experiência como escravo me deixou muito teimoso e resistente às ordens. Desobedecerei ordens e instruções sempre que eu puder.
  3. A vida institucionalizada como escravo foi a única que conheci. Sinto-me desconfortável em público, justamente pelo caos que é a liberdade e secretamente anseio pela vida ordeira que uma vez conheci.
  4. Eu conquistei minha liberdade e hoje sou uma pessoa livre. Felicidade é o meu novo sobrenome. Quero conhecer o mundo e descobrir tudo que existe.
  5. Agora que posso ter coisas que são só minhas, as guardo com muito zelo e avareza, justamente por ter medo que sejam tomadas de mim.
  6. Os anos como escravo me fizeram uma pessoa diplomática, sempre buscando soluções a partir do diálogo pra resolver problemas.

 

Ideal

  1. Vingança. Escravistas e pessoas que se aproveitam do trabalho escravo em enfurecem. Sou hostil e vingativo perante tais pessoas.
  2. Apesar da minha liberdade eu não tenho remorsos de minha vida passada. As regras eram um conforto nos tempos de cativeiro e leis são algo que recebo de braços abertos.
  3. Eu acredito que todas as pessoas devem ser livres, e eu farei de tudo para viver integralmente este ideal.
  4. Eu invejava o poder que meus antigos mestres tinham sobre mim e sobre os outros e desejo, secretamente, o mesmo tipo de poder para mim.
  5. Exaltação. Uma vez livre eu posso experimentar todos os prazeres do mundo – e eu faço com alegria e prazer.
  6. Apesar de hoje ser livre eu acredito que fui abençoado por isso. A maioria das outras pessoas deve nascer e viver nas suas calasses sociais, pois esse é o desejo dos deuses.

 

Elo

  1. Minha família, ou alguém que eu prezo muito morreu na escravidão. Terei minha vingança contra seus assassinos não importa o que aconteça.
  2. Minhas memórias de casa são apenas fragmentos distantes, mas prometi jamais voltar àquele lugar.
  3. Eu tenho uma grande dívida de gratidão com aqueles que me libertaram e farei de tudo para saldar essa dívida.
  4. Eu não fui libertado; eu fugi. Por hoje e por todos os dias que me restam de vida estarei sempre olhando por cima do meu ombro, esperando o momento de ser recapturado.
  5. Eu fui separado da minha família e hoje busco encontra-los.
  6. Meus antigos donos, apesar de tudo, me tratavam com humanidade e fizeram de mim o que sou hoje. Sou muito grato a eles.

 

Defeitos

  1. Não sou capaz de encarar pessoas de classe social maiores do que eu.
  2. Sou egoísta quando o assunto e comida. Anos de fome no cativeiro me deixaram assim.
  3. Se eu fui capaz de conquistar a minha liberdade, acredito que qualquer um possa fazer o mesmo. Não tenho respeito por pessoas que aceitam ser escravos na vida.
  4. Uma vez livre eu trato escravos como seres inferiores. Não posso evitar. Talvez eu sempre tive essa fome por poder.
  5. Eu sou um covarde e sempre vou tentar fugir de situações que me coloquem em risco de vida.
  6. Eu aprendi a mentir como forma de escapar de situações que me colocariam em encrenca. Mentir se tornou um hábito para mim, mesmo quando não é necessário. Eu sempre tendo a enganar os outros sobre as coisas que eu faço ou deixo de fazer.

Background: Caçador de Recompensas para D&D 5e.

Caçador de Recompensas

 

“Não me leve à mau filho. Não tenho nada contra você, especificamente. Mas a sua cabeça está à prêmio e eu vim coletar. Você tem duas opções: pode voltar comigo vivo ou morto. De qualquer forma, você vem comigo”. – Largbur, meio-orc ranger, caçador de recompensas.

 

Você rastreia e captura fugitivos em busca da recompensa colocada sobre suas cabeças. Você pode ter trabalhado na fronteira, onde caçava bandidos, ou talvez você espreite o submundo da cidade em busca de ladrões e outros criminosos.

 

 

Proficiências:

Investigação e Sobrevivência.

 

Ferramentas

Ferramentas de ladino.

 

Idiomas

Uma linguagem bônus à sua escolha.

 

Equipamento

Duas algemas de boa qualidade, corda de seda (50 pés/15m), roupas de viagem, cinto com bolsas, 30 moedas de ouro e 1d6 cartazes de procurado.

 

Características

 

Recurso: Mural de recompensas. Quando você está numa zona civilizada do mundo, você pode conseguir informações sobre procurados e as respectivas recompensas por cada um deles, além de respaldo legal para rastrear, caçar e se for o caso até matar esses fugitivos. Se você for famoso o bastante são as autoridades que vão procurar por você para que você resolva problemas que a guarda comum não pode mais resolver. Sua própria reputação e habilidade facilitam que você estabeleça contatos mutuamente úteis entre você e os guardas da cidade.

Se você está rastreando alguém e falhar em localizá-lo você tem meios e contatos para “esquentar as pistas” e conseguir uma nova localização. Isso, claro, fica a critério do DM: é ele que determina se a informação está disponível, o quanto da informação está disponível e se é confiável, e o preço da informação. Nada fora do comum, afinal de contas algumas criaturas conseguem mesmo serem difíceis de localizar.

 

Características Sugeridas

Caçadores de recompensas são confiantes, e ás vezes essa confiança (ou o seu excesso) são sua queda. Muitos Caçadores de Recompensa acreditam que estão acima da autoridade e das leis locais quando estão em uma caçada, mas eles sempre sabem quem paga suas contas.

 

Personalidade

  1. Eu sempre carrego um pequeno souvenir de todos os prêmios que eu coletei.
  2. Eu espero o melhor de todo mundo – especialmente dos meus alvos: nada pior do que uma caçada sem graça e nem perigos.
  3. Eu sempre caio por uma história triste e as vezes faço até pequenas caçadas de graça.
  4. Tenho um código de honra pessoal: não caço mulheres e nem crianças.
  5. Não sou muito de falar. Deixo que minhas ações falem por mim.
  6. Eu gosto de trabalhar em equipe: grupos significam alvos maiores e, portanto, recompensas maiores.

 

Ideal

  1. Vingança. Meus pais foram assassinados. Seus assassinos nunca forma encontrados. Eu vou encontrá-los.
  2. Criminosos perturbam a ordem da civilização e é meu trabalho restaurar essa ordem.
  3. A caçametomainteiro. Desse modo eu não preciso ficar preso na minha cidade natal.
  4. Os meus contratos de caça são a minha autoridade. Esse pode transcede fronteiras.
  5. Justiça. Eu sempre procuro trazer meus alvos vivos para que eles possam enfrentar um julgamento e uma punição justas.
  6. Negócio. São apenas negócios. Eu executo um serviço especializado e espero ser pago por ele.

 

Elo

  1. Eu uso uma identidade falsa. Existe uma recompensa pela minha identidade real.
  2. Eu quase nunca caço para mim. Grandes partes das recompensas que eu consigo são para as vítimas dos meus prisioneiros.
  3. Cada nova recompense que eu consigo me deixa mais próximo de um grande e lendário contrato.
  4. Eu sou um monstro. O que eu faço é maligno, mas necessário. Eu não tenho ilusões românticas sobre isso.
  5. Eu respondo a uma autoridade superior. Eu sou uma ferramenta da justiça.
  6. Eu sou a lei! Quando eu encontrar você, será a sua hora de pagar por seus crimes.

 

Defeitos

  1. Eu não consigo olhar nos olhos dos meus alvos. É difícil para mim vê-los apenas como uma bolsa de ouro.
  2. Minha ganância é maior que o meu bom senso. Raramente eu deixo escapar um bom contrato, não importa o quão difícil ele seja.
  3. Eu prefiro matar meus alvos do que trazê-os vivos. Pode ser que eu ganhe um pouco menos, mas certamente é mais fácil transportar um corpo do que uma pessoa viva.
  4. Eu não faço amizades facilmente. A meus olhos todo mundo por ser um alvo em potencial.
  5. Eu sou o melhor no que faço e o que faço não e nada bonito. Se você for esperto vai ficar quietinho na sua, se você sabe o que é melhor para você. .
  6. Eu só me importo com o dinheiro. Se o meu alvo pagar bem o bastante eu posso deixa-lo em paz, por um tempo.