Bom, diz a lenda que…

Lendas para incrementar a sua mesa de jogo.

Olá amigos. Estou de volta num post relâmpago por causa de uma crise aguda de calor e de insônia. E com o que? Com algumas lendas que você pode usar na sua aventura, para dar um gostinho diferencial nela ou levar os jogadores a uma nova e empolgante aventura.

Mas o que é uma lenda? Lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos. As lendas combinam fatos reais e históricos com fatos irreais que são meramente produto da imaginação aventuresca humana.

Com exemplos bem definidos em todos os países do mundo, as lendas geralmente fornecem explicações plausíveis, e até certo ponto aceitáveis, para coisas que não têm explicações científicas comprovadas, como acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Podemos entender que Lenda é uma degeneração do Mito. Como diz o dito popular “Quem conta um conto aumenta um ponto”, as lendas, pelo fato de serem repassadas oralmente de geração a geração, sofrem alterações à medida em que vão sendo recontadas.

Em última instância lendas ajudam a manter a coesão verossimilâmica do cenário. Algumas lendas podem ser verdades (lobisomens existem e podem ser mortos por balas de prata), enquanto que outras são menos críveis (Chupacabras assumem a forma humana no dia de todos os santos).

Nos diversos cenários de RPG as lendas assumem um papel mais poderoso, porque são, muitas vezes, a única fonte de informação que os jogadores têm. Recordo-me de um a vez ter mestrado para um grupo que deveria caçar um ciclope que aterrorizava uma região. Não havia nenhum personagem com perícias para saber sobre a criatura então, eles recorreram aos habitantes locais e até a um “sábio-curandeiro-faz-tudo” da região. Veja algumas informações que eu forneci na época.

Guarda da cidade: Eles cospem fogo. Se fosse vocês teria cuidado com o ataque mortal que vem de suas bocas.

Ferreiro: ouvi dizer que são imunes à ataques feitos por armas comuns, mas que são afetados por prata como todo lobisomem. Como? Claro que são parentes dos lobisomens.

Estalajadeiro: O que? Imunes à ataques feitos com armas de ferro e aço? Esse ferreiro quer matar vocês. Eu sei, ou melhor, todo mundo sabe que ciclopes são imunes à armas de cobre, prata, ouro, bronze e platina.

Professora: Eu li em algum lugar que não enxergam bem e que não são muito espertos. Nas lendas que leio para os alunos, os heróis conseguem confundi-los com esperteza.

Bêbado da taverna: Eles adoram carne de cavalo. Se levarem algumas águas para o pasto, com certeza lhe atrairão a atenção.

Sacerdote de Tempus: Alguns são imunes ao fogo. Eu os atacaria à distância, pois sei que não enxergam bem. Apesar de tudo, possuem grande força. É tolice lutar diretamente contra eles. Leve-o para fora de sua caverna. O sol vai deixá-lo atordoado assim como faz com um orc. Claro que orcs e ciclopes são parentes! Todo mundo sabe disso.

Foi muito divertido ver os jogadores confrontarem as terríveis descobertas que fizeram tentando eliminar a fera. Na época, apenas uma criatura mais forte do livro básico de D&D 1ª edição. Em quem você acreditaria, caso tivesse a missão de dar cabo dela? Antes de continuar o artigo vou deixar você pensar a respeito. Pensou? Bem, os jogadores levaram à sério as informações dos seguintes NPCs: Guarda da cidade, Estalajadeiro, e Professora. E olha que eles escolheram bem! O combate foi feroz, mas muito divertido.

Quando você adiciona lendas é como se você estivesse dizendo aos jogadores no que as pessoas do mundo acreditam. Mostra a eles como as pessoas raciocinam e pensam naquele  mundo.

Mais que isso, as lendas são ótimas formas de colocar os jogadores no trilho para alguma missão. Pense nisso…

Férias, afinal

Férias, afinal

Vou dizer companheiro, esse ano de 2009 foi do cacete! Consegui realizar alguns sonhos muito doidos na minha vida, aprendi algumas coisas bacanas sobre mim mesmo e mais que isso, o Lote conseguiu se manter firme e forte apesar de todo movimento. Que movimento? Quatro escolas, mais ou menos mil novecentos e oitenta alunos e diários que não acabavam mais. Sério, dá um desespero na gente elaborar uma prova, sabendo que você vai ter de corrigir a mesma prova pelo menos oitenta vezes. Questões discursivas? Só quando sou obrigado, baby.

Tivemos uma média mensal de quase duas mil visitas. É muita coisa para mim, sério. Sei que tem sites por aí que tem essa média por hora, mas foda-se. Para um site hospedado no word”pobre”, sem qualquer intenção de ser o manda-chuva na blogsfera estou muito satisfeito. De verdade. Obrigado a todos os leitores. Vocês – e especialmente os que deixam algum tipo de comentário – são o combustível que mantém esse lugar rodando pela estrada.

Mas apesar de adorar todo esse movimento eu estou cansado. Hoje estou terminando de refazer meus diários de classe de uma escola (11 turmas, 44 diários para serem refeitos, assinados e fechados) fora os preparativos para a minha viagem de férias com a família – bacaníssimo, vai ser a nossa primeira viagem de férias interestadual com todo mundo junto. Vou aproveitar para dar uma refrescada na cabeça, ler, baixar coisas, andar na praia, comer camarão queimado na brasa, ver um porrilhão de filmes que estão na lista de espera faz tempo demais.

Então é isso, o Lote do betão esta entrando hoje de recesso para voltar, quem sabe, só quando o recesso aqui em Brasília acabar de vez. Ou antes, em algum flash extraordinário de alguma coisa que valha mesmo a pena ser publicado.

Mais uma vez, obrigado a todos.

Feliz Natal!

Mensagem de Natal do Lote do Betão

Eu não escrevi este texto, mas sinceramente, que se foda. Cilon (cilonrs@gmail.com) foi quem escreveu.

 

(queria conseguir o Pedro Bial pra narrar o texto, mas não rolou =P)

Senhoras e Senhores da turma de 2009: Bônus de CA
Nunca deixe de usar o bônus de CA!
Se eu pudesse dar uma só dica sobre o futuro, seria esta: some o bônus de CA. Os benefícios a longo prazo do uso de bônus de CA estão provados e comprovados pela ciência; já o resto de meus conselhos não tem outra base confiável além de minha própria experiência errante.
Mas agora eu vou compartilhar esses conselhos com vocês.

Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude.
Ou, então, esquece… Você nunca vai entender mesmo o poder de não ter -2 em força e destreza até que tenham se apagado.

Mas, pode crer, daqui a 20 anos, você vai evocar as suas fotos e
perceber de um jeito – que você nem desconfia hoje em dia
quantas tantas alternativas de mesa pra jogar se escancaravam à sua frente, e como você realmente tava com tempo livre pra caramba.
Você pode até estar gordo, ou gorda, mas nós aqui somos nerds e jamais vamos te julgar por isso de qualquer forma

Não se preocupe com o futuro.
Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que pré-ocupação
é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar conjurar uma magia arcana que você não conhece

As encrencas de verdade de sua vida tendem a vir de coisas que nunca
passaram pela sua cabeça preocupada, e te pegam enquanto seu grupo acampamento em meio a guarda dos paladinos errantes do deserto em uma terça-feira modorrenta.

Todo dia enfrente pelo menos uma criatura que te meta medo de verdade.
Tenha performance
Não seja leviano com o buff dos outros.
Não ature gente de buffs idiotas.
Use fio dental se jogar com personagem feminino.
Não perca tempo com inveja, o dado do mestre sempre tira 20

Às vezes se está por cima,
às vezes por baixo.
A peleja é longa e, no fim,
você vai esquecer de somar o bônus de terreno mesmo.

Esqueça os elogios que receber.
Não esqueça as ofensas.
(Matar inimigos dá XP, ter seguidores divide a pilhagem)
Guarde as antigas cartas de promessas de ajuda.
Não jogue fora os pergaminhos de magias velhas.

Tenha reflexos, acrobacia.
Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida.
Os personagens mais interessantes que eu conheço não sabiam,
ao nível 12, o que queriam fazer da vida.
Alguns dos níveis 20 mais interessantes que conheço ainda não sabem.

Tome bastante poções de cura.
Seja cuidadoso com os pergaminhos de magias de 1o circulo de mago.
Você vai sentir falta deles.

Talvez você case, talvez não.
Talvez tenha filhos, talvez não.
Talvez se divorcie aos quarenta, mas provavelmente você colocou no seu background que toda sua família morreu

Faça o que fizer, não se auto-congratule demais, nem seja severo demais com você.
As suas jogadas de proteção tem sempre metade das chances de dar certo.
É assim pra todo mundo.

Desfrute de seu sistema.
Use-o de toda maneira que puder. Mesmo.
Não tenha medo de abusar das regras ou do que o mestre possa achar disso.
É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir.

Blefe.
Mesmo que não tenha modificador de carisma.
Ouça as descrições do DM, mesmo que não vá lembrá-las depois.

Não leia revistas de RPG, elas só vão fazer você querer mudar completamente o seu personagem devido a um talento ou regras para um evento novo.

Dedique-se a pilhar o seu país: é impossível prever quando a campanha vai acabar, de vez.
Seja legal com seus companheiros de viagem. Eles são a melhor ponte com o seu passado e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro.
Entenda que jogadores vão e vem, mas nunca abra mão de uns poucos e bons amigos na vida real.

Esqueça de verdade as distâncias geográficas
e de estilos de vida, porque quanto mais tempo você jogar,
menos o mestre via cobrar detalhes da vida cotidiana dos personagens

Jogue uma vez em Dark Sun, mas vá embora antes de endurecer.
More uma vez em Tormenta, mas se mande antes de amolecer.

Viaje.
Aceite certas verdades inescapáveis:
As edições vão mudar. Os jogadores vão saracotear.
Você, também, vai envelhecer.
E quando isso acontecer, você vai fantasiar que nas edições anteriores
o sistema era equilibrado, as regras boas e não tornavam o jogo um videogame de papel

Respeite os mais velhos. (eles devem ter níveis épicos de mago)
E não espere que ninguém segure a sua barra quando você fizer merda.
Talvez você arrume uma boa pilhagem com um golpe de sorte.
Talvez case com um bom NPC.
Mas não esqueça que um dos dois pode de repente acabar.
Não mexa demais com a regra separar contra os adversário senão quando você chegar ao nível 10 não terá mais braços

Cuidado com os conselhos que comprar,
mas seja paciente com aqueles que os oferecem.
Conselho é uma forma de nostalgia.
Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo,
repintar as partes feias e reciclar tudo por mais do que vale.
Mas no bônus de CA, acredite!

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Feliz Natal e 2010!

Diário de um sobrevivente: Capítulo FINAL

Chegamos ao fim da série “Diários de um sobrevivente”. Espero que tenham gostado.

 

 

 

Capítulo XV: Game Over

 

Voltamos ao posto de gasolina encontramos a Doutora escondida numa barricada. A mulher tinha transformado o lugar num quase-bunker. Seria preciso uma quantidade besta de zumbis para pegar qualquer um que se enclausurasse lá dentro. O meu ouvido melhorou o bastante para que pudéssemos traçar um plano. A idéia era bem simples – pelo menos na teoria era bem simples: pegar um carro e tocar de volta ao Parkway. De lá bater um papo com a Pâmela e explicar a situação. Depois disso, limpar o Parkway em busca de suprimentos e tocar para o mais longe do DF que pudéssemos seguir. Era um bom plano e ninguém discordou dele.

Acabamos por achar uma Caravan 79, dessas de colecionador perdida ali por perto. Era um carro capaz de levar a todos, estava de tanque cheio e surpreendentemente funcional. Maciel explicou que apesar de velha e de beber gasolina como fã de anime bebe muppy a lataria era muito resistente. Se tivéssemos de atropelar alguém, doeria mais neles do que em nós.

A viagem até o parkway foi tranqüila porque o Paulo conhecia só tudo ali em volta das imediações do plano. Ele era Office-boy antes do mundo virar uma merda e conhecia estradas e caminhos que não estavam em qualquer mapa. Rodeamos a área dos zumbis purulentos e chegamos ao Parkway antes do fim do dia. Aliás, andar à noite era uma das coisas mais estúpidas que você poderia fazer. Eu já estava desacostumado com as luzes dos postes de luz acesas á noite, mas sabe Deus como ainda havia luz elétrica naquele pedacinho do DF. Chegamos na casa e ficamos esperando a ligação.

Estávamos meio que num Big Brother da vida ali. Sem poder sair, sem poder fazer barulho mas ao mesmo tempo, ainda muito excitados com os acontecimentos. Maciel me puxou para um canto e contou como foram pegos. Dei pouca atenção. Meus olhos estavam grudados em Maria e no modo como ela conversava com a Doutora. Parecia que estavam colocando toda a fofoca de uma vida em dias, mas com alguma coisa a mais que não pude desvendar o que era. Paulo preparou o jantar. Um quase yakisoba com tudo que ele pode encontrar na cozinha e misturar com o macarrão instantâneo. Não estava ruim, longe disso, mas não era exatamente o que eu escolheria como última refeição.

Engraçado falar disso agora. Se eu soubesse que aquela seria provavelmente a última vez que eu comeria macarrão não teria deixado o moleque preparar. Eu mesmo faria com molho de qualquer coisa com tomate.

Não muito depois do jantar a porta estourou. Dúzias de zumbis cambaleantes entraram porta adentro. Uma inundação de zumbis. A doutora correu para o andar de cima, seguida por Paulo. Maciel correu para os fundos da casa e fui com ele e Maria. Fechávamos as portas atrás de nós, na débil esperança que elas pudessem segurar os bichos. O quintal da casa era largo e espaçoso, com grama alta, seca e mal cuidada. Algumas ferramentas de jardinagem estavam largadas ali. Pegamos o que podíamos para nos defender. Eu estava com a espada da japinha, Maciel descolou uma pá e Maria uma ripa de madeira. Armas e mantimentos, estava tudo na sala infestada de zumbis. Ouvi um grito do andar de cima da casa. Pelas pequenas janelas pude ver o jogo de sombras e gritos do ataque dos zumbis. Minutos se passaram e então reinou o silêncio. Só o som arrastado de dezenas de pés vindo pelo corredor em direção ao quintal. A porta não iria suportar uma leva muito forte. Maldita mania de gente rica de economizar na porta dos fundos! Olhei o muro. Alto demais para ser escalado e com aquele arame farpado especial sobre ele.

A situação parecia com uma reportagem que eu tinha visto alguns anos antes de uma família que teve de abrir um buraco no muro para escoar a água acumulada de uma grande enxurrada. Guardei a espada e pequei o que se parecia com uma marreta e comecei a macetar o muro. Maciel sacou a intenção na hora e começou a me ajudar, dando golpes com a ponta da pá. O muro não era muito grosso e dava para a rua de trás, que parecia limpa o bastante para uma funga rápida. Maria escorava a porta com tudo o que podia arrumar, mas era uma questão de tempo até que a infestação chegasse até nós. Eu já suava bicas, o macarrão pseudo-japonês me virando as tripas quando abrimos um buraco de um metro e meio de diâmetro mais ou menos. Grande o bastante para passar um por vez. O primeiro a sair foi o Maciel. Sacando a espada eu me preparei para ajudar quando a barricada da Maria estourou. Mandei ela correr para o buraco e eu corri na direção dela dando uns golpes nos primeiros zumbis. Eu já estava mais confiante coma espada, e com aquela quantidade monstro de zumbis não era difícil acertar um golpe. Cada vez que a lâmina balançava pedaços de carne podre voavam para cima e para baixo.

Comecei a me afastar golpeando esperando que Maria e Maciel estivessem protegendo a minha retaguarda quando eu saísse de lá. De repente aproveitei que os zumbis caíram como dominós e dei o pinote para trás correndo feito louco. Atravessei o buraco no muro quando algo me agarrou por trás. Eu chutei o quanto pude e só me livrei por que o Maciel me puxou.

Estávamos numa dessas ruazinhas laterais que quase nunca eram usadas. Sem carros á vista, mas pelo som, sabíamos que à esquerda havia um porrilhão de zumbis prontos para nos pegar. O lance foi correr, meio sem rumo para o que parecia ser o sul e rezar para não encontrar nada morto-vivo no caminho.

Corremos até que não deu mais. Então andamos, arfando em silêncio madrugada a adentro por ruas desertas. Carros eram sumariamente deixados para trás: aquele pedaço espacialmente estava cheio de carcaças de veículos abandonados. Qualquer carro não avançaria mais que três quarteirões até ser parado por uma carcaça. Não poderíamos perder tempo. Desembarcamos numa velha estrada de ferro e seguimos na direção dos trilhos que se afastava do parkway.

Já era quase de manha quando encontramos uma abandonada estação de trens. Deveria ser uma estação de manutenção de trilhos e locomotivas. Num canto um desses carrinhos de bombeamento manual estava sobre os trilhos, oleado e pronto para rodar. Ao que parece esbarramos na rota de fuga de alguém. Havia mantimentos, armas e até uma moto num canto. Tudo pronto para ser usado. Um mapa dava a entender que o trilho levaria para fora do DF, numa viagem de muitos dias para o litoral. A terra prometida como dizia o mapa. Eu não tinha certeza, mas não tinha nada melhor.

Foi quando eu percebi. A minha perna estava ardendo muito na corrida pensei que tinha me cortado no muro, mas eu recebi mesmo uma dentada. Não sabia quanto tempo eu ainda tinha, mas tinha de sair dali rapidamente. Maria me viu inspecionando a ferida e começou a chorar. Maciel me olhou com pena. “quem sabe podemos amputar a sua perna” ele sugeriu. Eu morreria de qualquer jeito. Já dava para sentir a infecção tomando conta de mim. Abracei os dois e peguei a moto. “Para onde você vai?” perguntou Maria num soluço. “Vou prum lugar especial” respondi sem jeito, tentando limpar as lágrimas dos olhos.

 

EPÍLOGO.

 

Faz duas horas que eu cheguei. Já não sinto dor nem febre. A moto esta num canto do bar, gasolina espalhada por todos os lados. No som, Luiz Gonzaga canta “A Morte do Vaqueiro”. Nada mais apropriado. Não sinto mais a cerveja esfriando na minha mão. Estou quase bêbado, mas sóbrio o bastante para ver a pequena multidão cambaleante se aproximar devagar. Muitos passam direto por mim, outros me cheiram, rosnam e seguem viagem. Ali, no bar, ao lado da estrada para o Gama eu vejo meus últimos momentos. Pego minha garrucha. É uma decisão difícil. Encosto no ouvido e penso em tudo o que fiz na vida. Na mesa tem um epitáfio escrito mais ou menos assim: aqui jaz um sobrevivente. Não deixa de ser irônico. Eu puxo o gatilho e a arma faz click, sem disparar. Merda.

Ana Maria Braga na Iniciativa Mutantes e Malfeitores

Ana Maria Braga

NP: 1 (30 PP)

Habilidades:

For 10 (+0), Des 14 (+2), Con 10 (+0), Int 12 (+1), Sab 10 (+0), Car 14 (+2);

Salvamentos:

Resistência +0, Fortitude +2, Reflexos +3, Vontade +1;

Feitos:

Fascinar (Diplomacia), Atrativa: 2, Esquiva, Bem relacionada;

Perícias:

Acrobacia +2, Blefar +6, Diplomacia +6, Adestrar animais +4, Conhecimento (Cozinhar) +6, Conhecimento (Cultura Popular) +6, Notar +2, Profissão (Repórter/Apresentadora de TV) +4;

Combate:

Base de Ataque +1, Defesa 11 (10 surpreendida), Iniciativa +2;

Custos: Habilidades 10 + Perícias 9 + Salvamentos 4 + Combate 2 + Feitos 5 = 30 PP;

 

Biografia (extraída de seu site pessoal):

Essa paulista de São Joaquim da Barra tem uma história rica. Filha única, passou a infância e a adolescência estudando em internatos no interior de São Paulo. Na adolescência, disposta a fazer faculdade, fugiu de casa e começou a trabalhar para poder se formar bióloga pela Universidade de São Paulo, em São José do Rio Preto. Com o diploma em mãos, Ana Maria veio para São Paulo para fazer especialização na sua área, mas para pagar os estudos, ela conseguiu um emprego na extinta TV Tupi onde apresentou telejornais, shows e estreou num programa feminino ao vivo.

Disposta a investir no novo segmento, Ana cursou a faculdade de jornalismo. Com o fim da TV Tupi, Ana Maria foi assessora de imprensa e diretora comercial das revistas femininas da Editora Abril.

Longe das telas da televisão por mais de dez anos, Ana Maria voltou, em 1992, e por sete anos dirigiu, produziu e apresentou o programa “Note e Anote” na Rede Record. Esse programa lhe rendeu muitos prêmios e até um título no Guiness Book de maior permanência no ar.

Ana Maria foi para a Rede Globo em julho de 1999 e estreou o programa “Mais Você” no dia 18 de outubro, ao lado do seu fiel companheiro o Louro José. Apaixonada pelo que faz, Ana Maria Braga se considera uma mulher realizada. Para quem pensa que a vida de estrela é fácil, aqui vai uma informação: Ana trabalha cerca de 15 horas por dia, mas dorme tranqüila com a sensação do dever cumprido.

 

Observação: essa é, claramente, uma piada com o post do Samurai Seis sobre uma super heroína brasileira. Como todo super herói precisa de um repórter mais ou menos xereta no seu encalço, resolvi dar vida a esta criação. Obviamente você pode usar esta ficha para representar qualquer apresentadora de TV – mudando um pouco os seus stats para se adequar à personalidade da sua apresentadora.

Um bom gancho de aventura é o seqüestro da apresentadora por um super vilão (um fã obcecado, talvez) ou quem sabe o fato da apresentadora ser obcecada pelo personagem. As possibilidades, assim como as mídias, são infinitas.

As desculpas mais esfarrapadas que eu recebi este ano

 

Dizem que ser mãe é padecer no paraíso, mas ser professor é queimar no mármore do inferno! Para provar o que estou dizendo separei algumas das desculpas esfarrapadas mais estapafúrdias que recebi este ano. Algumas delas são até plausíveis, mas a grande maioria não serve nem para tocar fogo.

É bom salientar que a culpa é sempre de alguém/alguma coisa e não do aluno.

 

10. Era para hoje?

A clássica. O aluno alega desconhecer a data de entrega do trabalho e pede um prazo extra. Mas professor, o trabalho não é para a semana que vem? Puxa o meu está quase todo encaminhado, só falta mesmo digitar, tabular, fazer a capa, imprimir, e grampear.

9. É culpa de São Pedro

É incrível como esse santo é culpado por tudo. Puxa professor, eu moro numa zona da cidade que alaga muito. Não deu para ir à biblioteca fazer o trabalho porque estava tudo alagado. Ou: puxa professor, eu fiquei sem internet por causa da chuva e não deu para fazer a pesquisa. Ou mesmo: ah professor, o trabalho estava pronto, lindo com capa e tudo mais. Mas deixei a janela aberta e molhou tudo. Vou ter de fazer tudo de novo.

8. Eu faltei no dia que o senhor passou este trabalho.

É outra que é bem comum. O aluno alega que faltou no dia da solicitação do trabalho. E depois ele afirma, de pés juntos e carinha de anjo, que ninguém passou a informação para ele.

7. O meu/minha (coloque aqui alguma coisa/alguém) morreu.

Todo aluno tem pelo menos 4 bons parentes para matar: avós paternos e avós maternos. Matar tios e tias é mais arriscado – a não ser que eles morem lá nos cafundós de Judas. Ah professor, o tio Oswaldo morava em Picos, na Paraíba, morreu mas passou muitos anos morando conosco. Fiquei realmente abalado com a morte dele. Matar os pais não rola – é muito arriscado. Uma variante adequada é matar um bicho de estimação. Puxa professor, aquela gata siamesa estava na família desde que eu tinha seis anos! Dormia até na minha cama. Tinha de ver que coisa mais gracinha…

6. Fiquei doente…

A criatura tem o dom de ter ficado doente – sem qualquer atestado médico – por uma semana ou mais, caindo de pára-quedas no meio da aula, com aquela cara de quem acaba de fugir do hospital. Professor foi uma virose que só vendo. Não agüentava pegar numa caneta. A cabeça doía o tempo todo.

5. O computador deu pau.

Nesta era de informática o computador é uma das desculpas mais plausíveis que existe, todo mundo que tem sabe que o danado pode ser genioso quando quer e daí não adianta nada que o trabalho foi todo para os quintos dos infernos dos bytes perdidos. Mas os alunos alopram: poxa professor o pendrive/disquete não abriu, ou acabou a tinta da impressora, ou deu vírus e apagou tudo…

4. A culpa é do colega de equipe.

Quando o trabalho é de equipe tem sempre um bode expiatório. É que nem na vida real, se você pensar bem. É sempre tem um elo mais fraco que os outros apontam. Poxa, professor, o senhor não vai acreditar… a Aninha não trouxe a cartolina, logo não pudemos fazer o trabalho. Ou então: poxa professor o trabalho está pronto com o Gilson e ele não veio hoje. Podemos entregar na semana que vem?

3. Meu cachorro comeu.

Uma das menos verossímeis é por a culpa no seu bicho de estimação. O clássico e desgastado “meu cachorro comeu” não engana ninguém.

2. Ele estava aqui um minuto atrás.

O aluno alega que sua mochila é uma espécie de triângulo das bermudas para trabalhos que têm de serem entregues hoje. Ele jura que o trabalho estava ali. Perdeu-se para sempre. E a nota também.

1. O meu irmão riscou/rasgou tudo.

Uma das variantes de por a culpa nos outros é por a culpa nos parentes mais jovens. Puxa professor, minha irmã catou o trabalho e riscou/rasgou tudo. Preciso de um prazo extra para refazer tudo.