Os novos heróis do Olimpo – Capítulo 12

Estratégia, do grego estrategia…

Oliver estava se sentindo verdadeiramente sem sorte. Primeiro perdera o tio, depois caíra de um avião. Depois tinha sido caçado, perseguido por monstros e demônios, fora drogado, sequestrado e agora estava para morrer nas mãos de um lobisomem bestial de, sei lá, uns três metros de altura mais ou menos. Havia pelo menos uma coisa que o confortava: não viveria o bastante para ver as coisas ficarem piores.

A situação no mini-coliseu era desesperadora, para dizer do mínimo. Além do rei dos lobis-monstros dezenas de outras versões “júniores” saiam do mesmo buraco no chão. Tomados de assalto pelo menos uma dezena de campistas tombou antes de poder se defender. Oliver estava usando sua espada. Ela tinha diminuído um pouco de tamanho, mas continuava ainda mortal e afiada. Eric lutava a poucos passos dele, um protegendo as costas do outro. Ambos já tinham sofrido alguns arranhões das feras, mas não era nada comparado a outros campistas estendidos no chão. Muitos deles não estavam apenas mortos. Estavam desfigurados. A chuva começou a cair das pesadas nuvens transformando a arena num lamaçal grudento de terra, suor e sangue.

Alguns grupos de campistas conseguiram armas – ou já estavam armados – e a luta corria feroz nas galerias. Os lanceiros do senhor Dezan estavam divididos em dois grupos, mas sem efeito prático algum. Uma jovem de cabelos vermelhos brandia uma enorme alabarda, garantindo que seus companheiros de chalé – todos com panos vermelhos amarrados em alguma parte do corpo – pudessem fugir.

Em poucos minutos de luta Oliver encontrou com jade, lutando pela vida com uma pequena adaga de bronze. Pouco mais que um abridor de cartas. Seu arco estava atado às suas costas e sua alijava pendia sem flechas. A situação os levou a se refugiar por trás de uma parede fina de madeira. Ao seu lado o seu fiel amigo, Eric, com um corte feio, mais ou menos estancado na altura da boca. Doía para falar. O que era bom. Ás vezes Eric falava demais. Com eles a jovem arqueira ofegava. Ao que parece seus poderes de mira infalível serviam apenas quando estava usando um arco.

– Temos de fugir e reagrupar. – disse ela com firmeza. Vamos fugir até os chalés e cada grupo pode ser armar e reorganizar…

– Nada difo – disse Eric com dificuldade – temofs que levar a luta até elefs.

Eric parou um pouco, bateu nos bolsos e sacou a última dose de ambrosia caseira. Era pouco demais para beber, mas ele espalhou um pouco nos lábios e boca esperando que o resultado fosse o esperado. E foi. Poucos segundos depois a sua boca estava apenas avermelhada. Mas o dente perdido não tinha crescido, como ele pensava. Oliver tinha que admitir que o dente banguela deixava Eric ainda mais engraçado.

– Eles estão na vantagem, mas este é o terreno de vocês. Vocês deveriam ter a dianteira. Esse lugar é uma arena. Deve ter dúzias de armas e armadilhas escondidas por aí. Pense alguma coisa.

– Eu tenho um plano – Oliver parecia falar sério – eu e você atacamos frontalmente. Direto no bicho, abrimos a guarda dele e nessa hora a versão mais feminina do Gavião Arqueiro aqui e seus amiguinhos do chalé número oito atacam com flechas de prata. Vocês têm flechas de prata em algum lugar, não têm?

Jade ficou confusa por um instante. O plano parecia fazer sentido. Sentido o bastante para ser tentado. Ela tinha flechas de prata sim, no depósito por baixo da arena. Sabia até mesmo onde pegar. Ela mesma poderia ir até lá. Mas como avisar seus amigos?

– Toma isso – Oliver entregou o fone bluetooth a ela. – ainda está conectado aos alto-falantes. Faça parecer que estamos em debandada. Vamos atacar.

Jade colocou o fone e pôs-se a correr na direção do depósito. Gritava os comandos em inglês, na esperança que os coisas-lobo não soubessem falar o idioma. Oliver vu que tinha feito a coisa certa: mal ela começou a gritar pelos alto-falantes a moral dos campistas melhorou. Era como ele pensava: estes estavam loucos para lutar, mas precisavam de um líder em que confiassem. Jade poderia ser a criatura mais metida que ele já tinha conhecido, mas com certeza ela exercia muita liderança positiva sobre seus colegas.

– Está pronto Eric?

– Irmão, eu me sinto como se fosse o Seya indo enfrentar o Aiolia de leão. Só que sem a deusa Atena do meu lado. – um relâmpago correu os céus e Eric calou – Ok, sem piadinhas por enquanto.

Os dois começaram a correr limpando a arena. A espada de Oliver e as adagas de Eric pareciam fazer tanto dano quanto prata fazia nos lobisomens dos filmes. Alguns explodiam quando eram transpassados, deixando para trás um pacote de cinzas que fedia a pelo de cachorro queimado. Ao final estavam os dois a uma dezena de metros do lobo mau.

O lobo agarrou um lanceiro e o jogou longe quando percebeu a presença dos dois. Ele bufou e arquejou, como se tomado de muita fúria. Ergueu sua enorme espada – quase do seu mesmo tamanho e ouviu dolorosamente em direção ao céu. De perto ele era muito mais feio e perigoso. Só agora os dois percebiam a imensa coleira de ferro que ele usava – ao que parece muito mais para proteção do que para restrição.

– Attack now! – explodiram aos alto-falantes.

Oliver apontou a espada e disparou uma de suas rajadas de energia. O monstro não teve qualquer dificuldade em refletir o ataque com sua espada. Eric e Oliver então correram na direção do lobo mau. Ele desferiu um golpe lateral contra os dois. Eric foi jogado longe, esmagado pelo golpe como uma mosca sendo atingida por um jornal enrolado. Mas a espada de Oliver suportou o peso do ataque. Os dois começaram a se digladiar. O monstro atacava com força, mas Oliver se defendia com elegância. Tudo que ele pensava era em não ser morto. Ele sabia que havia um limite de quanta habilidade sua espada poderia lhe emprestar, mas não queria descobrir esse limite – pelo menos não agora. Bloquear o último golpe fez seus jelhos fraquejarem. O limite estava perigosamente próximo. Finalmente ele ouviu um “Now!” entre os clinches de espada e saiu do meio. Uma flecha acertou o olho esquerdo do monstro. Ele largou a posição de luta, levando a imensa pata monstruosa em direção ao rosto. Oliver olhou de relance para trás e viu que a menina de alabarda estava correndo pelo flanco direito para atacar o monstro. O lobisomem golpeou com força, esquecendo-se de Oliver, arrancando parte da cabeça da alabarda da guerreira de cabelos vermelhos. Mas, apesar do golpe capaz de esmagar a frente de um caminhão, ela sorria. Então Oliver viu uma sombra passar pelo ombro dela, usando a guerreira ruiva como trampolim: era Eric. Ele se jogou em direção do monstro, no melhor estilo kamikaze, golpeando numa brecha entre a coleira e o pescoço da fera. O lobisomem urrou, o sangue escorrendo aos borbotões. Então sua expressão de fúria serenou. Oliver poderia jurar ter ouvido um “obrigado” antes da fera cair no chão e se dissolver num monte de cinzas de pelo de cachorro queimado, lama e sangue.

Assim que o monstro tombou o céu se abriu. A chuva cessou. Os gritos de alegria começaram com festa, para logo darem espaço aos lamentos pelos companheiros caídos. Logo a cavalaria chegou: Roberto, Dezan e duas dezenas de soldados armadurados. Foi preciso uns bons minutos de conversa e relatos para descreverem o que tinha acontecido. Por fim Dezan decretou que os feridos fossem levados à enfermaria. Os mortos foram velados numa cerimônia rápida, cremados em piras cerimoniais.

Era fato que ninguém queria jantar, mas haviam quatro heróis no acampamento: dois ainda não reclamados – Oliver e Eric e duas velhas conhecidas: Jade do chalé oito e Nathália do chalé número 5, de Ares. Sim, Oliver ficou sabendo mais tarde no jantar que a misteriosa ajuda que ele teve na luta foi da mais poderosa combatente de todo acampamento.  Claro, que comentando mais tarde com Oliver, Eric confidenciou que achou a menina muito bonita. Para alguém cujo pai foi assassinado por Kratos em todos os consoles domésticos de 2005.

A mesa dos dois sempre recebia algum tipo de visita. Gente que foi agradecer por ter sido salvo, gente que viu a luta e comentar e por outras que faziam pedidos. Por favor, que você seja filho do deus fulano/ deusa fulana. Depois de um tempo ficou chato.

Por fim, acenderam um enorme cálice de fogo do lado de fora do refeitório. Cada um dos campistas passou por ele, jogando alguma coisa dentro. Alguns jogavam poções de comida, outros fotos dos amigos queridos. Cada objeto jogado o fogo oscilava. As vezes ia alto no céu, como um poste, outras vezes murchava, como se fosse se apagar. Oliver e Eric observavam em silêncio. Roberto parou ao lado deles e comentou em tom solene.

– Meninos, vocês devem sacrificar algo importante para os pais de vocês. Deuses são geniosos. Quanto maior o sacrifício, maior o reconhecimento. Algo que seja de valor ou importante para vocês.

– Como o que? – perguntou Eric.

– Algo importante. Algo que mostre que você é digno de ser reconhecido.

– E se o deus não quiser me reconhecer?

– Eles são obrigados pelo Édito de Zeus. Mas Zeus os obriga apenas a reconhecer. O sacrifício é quem garante o “amor” e a atenção.

Eric foi antes de Oliver. Ele ainda estava com as roupas da batalha: Alpercatas de couro, calça jeans imunda e rasgada. A camiseta amarelada com os dizeres “fui à Filgaia e tudo que trouxe foi esta camiseta” ele pegou suas duas adagas e as jogou no fogo. “Temos muito papo para por em dia, velho”, ele pensou.

As chamas se elevaram. Dobraram-se no céu formando vários padrões de luz e cor. Pouco depois um silêncio sepulcral. As chamas começaram a voltar ao normal. Foi que todos perceberam a pessoa parada ali. Um senhor moreno e atlético, um tipo sorridente, que inspirava confiança. Mas ao contrário de quando Oliver o vira pela primeira vez, não estava vestido como um fazendeiro de Goiás. Não, dessa vez Mercuttio maia estava vestido com uma toga grega, um elmo com asas e sandálias de couro. Os filhos de Hermes foram os primeiros e a se ajoelharem perante a presença de seu Pai. Os outros foram se ajoelhando à medida que ele passava pelo salão. Ele sorriu para Oliver, estendeu a mão para Eric.

– Olá filho – disse o homem com voz embargada e olhos mareados – é bom poder te ver frente a frente. Venha, temos muito o que conversar. Os dois saíram em direção ao chalé de Hermes, conversando.

Oliver foi o próximo. Ele retirou da mochila uma foto do pai – a única que ele tinha e a soltou no fogo. A foto bailou pelo ar quente e caiu dento do cálice em chamas. O fogo não se mexeu. Nada aconteceu.

– Tente outra coisa! – gritou alguém.

O que poderia ser mais importante que a foto de seus pais? Oliver não tinha mais nada. O frank? Era útil, mas não era importante de verdade. Ele sacou sua espada. Ela estava mais linda e brilhante do que nunca. Ele apontou a espada para o cálice e depois gritou: quero minha mãe! Logo depois, para espanto de todos, e dele mesmo incluso, ele chutou o cálice. Ele caiu no chão, as chamas se apagando rapidamente, como o sopro de uma criança apagando uma vela de aniversário.

Tudo ficou escuro, exceto pelo manto brilhante de estrelas no céu. Foi quando uma delas começou a cair, aproximando-se cada vez mais até que tocou o chão. A imagem da mulher vestindo roupas de aviadora da segunda guerra mundial surpreendeu a todos. Ela tirou o capacete de aviador, deixando os longos cabelos lisos cascatearem pela jaqueta marrom. Ela abraçou Oliver com força. Depois olhou em volta e disse em tom solene:

– Eu sou Astréia, a deusa das estrelas. Filha de Zeus e Tamis. Senhora do céu e das estrelas – e de tudo o que elas representam. – Estou de volta!

Os novos heróis do Olimpo – Capítulo 11

Como eu conheci sua mãe.

Eric e Oliver seguiam sua anfitriã pelo acampamento. Ele era mesmo enorme. Uma fazenda, dessas de milhares de hectares. Era uma mistura de campo de treinamento, colônia de férias e museu a céu aberto. A primeira coisa que Jade fez questão de lhes mostrar eram as acomodações.

– Cada filho ou filha dos deuses tem que ficar com seus meio-irmãos.  Se você é filho de Ares, o deus da guerra, tem que ficar no chalé de Ares. Eu sou filha do deus sol, do poderoso Apolo. – ela apontou para uma casa de estilo renascentista, como se tivesse sido arrancada da costa da sul da Itália. Três andares, tijolos brancos e janelas de madeira vermelha lustrosa. Uma enorme claraboia se destacava na fachada da casa.  Ali é o nosso santuário ao senhor Apolo. É lá que oramos e esperamos a sua voz de sabedoria – Completou ela.

– Acho que você está desatualizada – começou Eric – Kratos é o novo Deus da guerra desde 2005.

Oliver não deixou de dar um sorrisinho. Aparentemente Jade não era assim tão espirituosa. Ela olhou para Eric numa expressão que lembrou muito uma certa égua infernal que os dois conheciam muito bem.

– Rogo aos deuses para que nenhum de vocês seja meu parente de sangue. Aliás eu sou a líder do chalé de Apolo. Seguindo pela avenida dos deuses temos os outros chalés. Em ordem: O chalé 01, com os filhos e filhas de Zeus. Atualmente temos apenas uma filha de Zeus conosco. O chalé 02 é a casa de Hera e está sempre vazia. Ao contrário de Zeus, Hera não tem filhos fora do casamento. O chalé 03 é o de Posseidon. O seu único filho está em missão atualmente. Um combatente valente. O chalé 04 é o da deusa Atena. – ela olhou fixamente para Oliver – acho que ela é sua mãe, quatro-olhos. É típico de Atenas ter os filhos mais nerds de todos.

Oliver empertigou-se. Ele tinha uma séria suspeita de quem era sua mãe e sabia que Atenas não se encaixava no pacote. Estava na hora de sacar uma das tiradas geniais que o seu tio lançava em momentos como esse. Mas ele não conseguiu pensar em nada. Não que ele precisasse, pois Eric saiu em sua defesa:

– Dobre a língua, menininha. O seu pai pode ser um deus, mas o trabalho dele é dirigir uma carroça por aí. Não sei quem é meu pai, ou minha mãe, ou quem são os parentes do Oliver, mas tá na cara que não somos filhos dum carroceiro. Além do que, o Oliver aqui tem uma bankai. Não é nada que você vá saber do que se trata, mas ele pode acabar com você num piscar de olhos. Aliás, já vivemos mais aventuras que você. Somos praticamente cavaleiros do zodíaco – ele cutucou Oliver ao dizer isso – sendo que estou mais para Mu de Áries e você, quem sabe o Shura de Capricórnio.

– Um desafio? Por que não? Eu não entendi bem suas palavras, magrelo, mas sei identificar um desafio quando vejo um. Que tal um combate. Temos a arena, o labirinto e os campos de jogos. Como são visitantes, deixo que escolham.

Oliver ponderou. Estava na cara que a menina Jade estava trapaceando. Qualquer coisa que escolhessem, ela teria vantagem, uma vez que ela já conhecia cada um dos lugares. Ele pensou o que seria cada coisa e antes que Eric pudesse dar sua opinião ele escolheu:

– Quero Arena. Até o primeiro sangue. Disputa simples.

Jade deu um passo para trás e deixou a boca entreabrir-se numa expressão de espanto. Era certo que nenhum dos dois jamais havia estado no santuário, mas como o menino quatro-olhos sabia das regras da Arena? O primeiro sangue era um combate não letal que quem derramasse sangue primeiro perderia. Ela se recompôs e assumindo uma pose de heroína, puxou da cintura uma espécie de corneta. Ela soprou na corneta, imitando o que parecia ser uma mistura de trombeta do apocalipse com berrante de festa de Barretos. Logo, viu-se um burburinho e dezenas de pessoas largavam suas atividades indo na direção do que parecia uma versão menor do coliseu de Roma.

– Eu não queria derrotar vocês sem plateia, novatos. – disse ela com um sorrisinho de canto e boca.

Quase todos pareciam adolescentes normais, saindo para o intervalo de alguma aula. As idades variavam, mas Oliver supôs que os mais novos estavam na casa dos nove, dez anos de idade e os mais velhos não passavam dos dezessete. A maioria usava as camisetas amarelas e pretas. Outros ainda portavam escudos e pedaços de armaduras como se tivessem saqueado o armazém de fantasias do filme 300 de esparta.  O número de meninos e meninas era bem equilibrado e tinha gente de todos os tipos: de garotos negros magrelos que pareciam uma mistura de Neymar e Anderson Silva, passando por uma dupla de japonesinhas gêmeas com tranças à moda Pucca. Alguns passavam por eles cumprimentando Jade, dando-lhe tapinhas nas costas e desejando boa sorte.

Seguiram com ela pela entrada principal do coliseu. Jade foi até um rack de armas e vestiu um corselete de couro e depois calçou duas grevas (um tipo de caneleira) feitas de couro. Depois foi até o outro lado, pegou o seu arco e ficou na posição de espera.

– O que faremos? – perguntou Oliver, que tinha certeza que lutar com a chefe de um chalé, filha do deus do sol, não era uma boa maneira de conseguir amigos num lugar que supostamente deveria ajuda-los e protege-los. – Será que é tarde para pedir desculpas e continuar com o tour?

Eric olhou o amigo com estranheza, como se não o reconhecesse. Depois fitou o rack e dele sacou duas vambraces (um tipo de caneleira, só que para os antebraços) e um escudo de madeira redondo, reforçado com tiras de metal cor de ferrugem. Depois de ajustar as peças falou com firmeza.

– Sabe de uma coisa cara? Eu me cansei. Tô cansado mesmo dos outros passarem por cima de mim. Foi assim a minha vida toda. Foi aquele cara do restaurante, o rei dos porcos e o cara de serpente. Chega. Além do mais, alguém tem de baixar a bola dessa minazinha. Quem ela pensa que é? A irmã do Ash Ketchum?

Enquanto terminavam de falar os meninos foram interrompidos por uma voz possante saindo dos alto-falantes. Ao fundo tocava uma música épica, dessas que poderia fazer parte da trilha sonora de qualquer seriado de fantasia medieval. A voz soou grossa e empolgada:

– Olá amigos! Olá aos deuses e todos os presentes que se fazem presentes e que não podemos ver! Hoje teremos um evento especial, extraordinário na arena. Um combate. De um lado Jade Fofô, a campeã invicta dos jogos do chalé oito. Do outro, dois novatos. Nem sequer foram reclamados ainda! Quem será que vai começar? Vamos ao combate em trinta segundos.

Um enorme telão começou a mostrar a contagem regressiva. Eric deu um passo à frente e foi ao encontro da sua oponente.

Com a contagem zerada o combate teve inicio. Jade sacou uma flecha muito rápida, disparando na direção de Eric. Era uma flecha de treino, com ponta rombuda. Não era capaz de matar, mas Eric suspeitava que poderia doer tanto quanto uma bolinha de paintball. Eric moveu-se rápido, mas a flecha insistia em seguir na sua direção. Por fim ele bloqueou a seta com o seu escudo. A plateia ovacionou. A voz do locutor estava incrédula. Era a primeira vez que Jade não terminava um duelo na primeira flecha. Foi que Eric percebeu: ele era filho de um Deus e tinha poderes. O mesmo era com ela. O poder dele era se mover rápido. O dela era com flechas. Ela não errava o alvo. Sua única chance era correr e tentar achar uma brecha para atacar entre um e outra de suas flechadas.

Jade disparou mais duas vezes. Eric bloqueou de novo com o escudo, mas sabia que era um jogo que não poderia manter muito tempo. De seu canto Oliver estava parado, vendo os dois lutando. Não sabia o que fazer. Estava paralisado. De repente tomou frank em suas mãos e começou a passear os dedos pela tela.

Eric bloqueou uma quarta flecha e teve o momento que desejava: Jade se atrapalhou para pegar a próxima e ele resolveu arremessar o escudo contra ela. O disparo foi longo e certeiro. Só que ele não contava com uma coisa: a trapalhada de Jade era apenas uma finta. Ela segurou o arco com as duas mãos, como se fosse um taco de baseball e rebateu o escudo, que foi se espatifar na arquibancada onde os filhos de Hermes estavam reunidos. Recebeu algumas vaias, especialmente de uns meninos mais afoitos, mas desconsiderou quando a plateia do seu chalé berrou de emoção. Depois, reposicionou o arco e disparou novamente. Eric mal teve temo de fechar os olhos quando sentiu seu maxilar estralando, como se o Vitor Belford tivesse lhe dado um soco. Ele caiu para trás, completamente nocauteado, o gosto de sangue invadindo a sua boca.

– De acordo com as regras o primeiro sangue foi derramado! Mais uma vitória para a campeã do Chalé oito. Que venha o segundo lutador.

Oliver sabia que tinham ido longe demais. Certo ou errado ele não ia deixar que seu amigo tomasse uma surra na frente de todo mundo. Se era para apanhar, apanhariam juntos, pensou ele. Deu um passo a frente, sem pegar qualquer armadura e foi andando em direção ao centro da arena. Sacou o fone de ouvido bluetooth de seu frank e começou a falar. Para espanto de todos sua voz saiu nos alto-falantes. Era de certa forma ameaçadora.

– Olhe moça, isso termina aqui e agora.

Jade deu um pulo para trás disparou outra flecha. O grito de Astéron thráfsma ecoou pelos alto-falantes e o brilho cegou a todos por um instante. A espada estilizada em forma de estrela estava de novo nas mãos de Oliver, apontando para Jade. A flecha que ela disparou – ou o que sobrou dela – jazia no chão queimada.

Jade disparou mais duas vezes, mas sempre que fazia isso as flechas entravam em combustão antes de chegar no alvo, pousando inofensivamente no chão árido da arena. Oliver por sua vez continuava caminhando, concentrando-se em defender os ataque que vinham em sua direção.

Foi que aconteceu.

O sol escureceu-se por trás de nuvens grossas e relâmpagos cortaram o céu. Um deles atingiu o solo, fazendo com que sua energia desenhasse um círculo de entalhes arcanos. O centro do círculo rachou e de dentro dele uma peluda mão monstruosa saiu, trazendo consigo um enorme monstro peludo, com cabeça de lobo e garras afiadas.

De repente Eric e Oliver sabiam que de alguma forma, aquilo não estava nos planos de um duelo um contra um até que primeiro sangue verta.

Os novos heróis do Olimpo – capítulo 10

A caminho de um lugar melhor

Eric abriu os olhos. Eumeu não estava mais em cima dele. Na verdade o que sobrara de Eumeu estava jogado a uma dezena de metros dali, perto da piscina. A espada de James Bond jazia um pouco mias longe, cravada com firmeza no tronco do que parecia ser uma grossa oliveira. Virando a cabeça para o lado Eric viu Oliver com a espada na mão “Astéron thráfsma!”, pensou Eric. Que coisa incrível. Logo atrás dele, Roberto se arrastava. A ambrosia já tinha devolvido a cor do seu rosto e as feridas do braço já tinham cicatrizado, deixando apenas o rombo no terno tweet.

– Bom trabalho garoto. – Roberto tossiu, guardando sua espada-caneta no bolso. Agora vamos sair daqui antes que Eumeu acorde.

Os três se dirigiram para a porta do elevador. Foi uma viagem de volta rápida e silenciosa. Por fim Roberto virou-se para Oliver e estendeu a mão.

– Prazer em te ver de novo Oliver – o seu sorriso era espontâneo, embora não combinasse nada com seu rosto. – da última vez que te vi você não passada de uma sacolinha de roupas agarrada no colo do seu tio. Vejo que você cresceu evirou um homem feito.

– Desculpe, mas não me lembro de você – Oliver parecia mesmo transtornado. – Você é o contato do meu tio, certo?

– O seu tio ainda usa os planos de contingência? Bom quando recebi um e-mail alguns dias atrás achei que fosse mais uma brincadeira dele. Ele é muito brincalhão, sabe?

Oliver não podia crer no tio como alguém brincalhão. Espirituoso vá lá, mas brincalhão não era um adjetivo que pudesse ser usado com ele. Roberto continuou explicando de forma amigável de onde se conheciam quando a porta o elevador abriu. O saguão do hotel Syros, no centro do Gama estava misteriosamente vazio. Sobre a mesa, escrito num misto de grego e português Oliver pode ler algo como “eu me demito”. Os três saíram pela porta da frente e Oliver espantou-se a ver o cavalo infernal.

– Cuidado – advertiu Eric, enquanto que kolássis olhava para ele como quem diz: encoste em mim de novo e eu vou mastigar a sua cara – o cavalinho aí não gosta de semideuses.

– Ok, a primeira coisa a fazer é levar vocês até o santuário. Daqui até lá são quase oitenta quilômetros. Eu os levaria na minha kolássis, mas ela deixou claro que não gosta de vocês – Roberto forçou mais um sorriso. Aparentemente era complicado para ele sorrir e ser gentil com os outros. – Vocês tem algum tipo de transporte?

Oliver assentiu. Ele pegou a moto da giges que estava no estacionamento do hotel e montou nela. Eric montou atrás. Eric pensou em protestar, já que ele era o motorista oficial da dupla, mas resolveu deixar para lá. Depois de levar um raio de energia no peito e de lutar nas praias da Grécia, andar de carona parecia uma boa ideia. A cabeça de Oliver girava a mil por hora.

Era complicado guiar e conversar ao mesmo tempo, por isso depois de algumas tentativas os dois amigos calaram-se. Atravessaram a estrada em direção a cidade vizinha de Santa Maria. Quase uma hora depois passaram por uma placa onde se lia “bem vindo ao Itapoã – terra de gente feliz”, mais quarenta minutos depois as motos pararam a beira de uma estrada de terra batida que serpenteava para além do asfalto.

Serpentear era o termo correto. Foram tantas voltas que num momento os meninos cansaram de contar. E sempre, depois de cada curva havia pelo menos mais dois – às vezes três – caminhos a seguir. Era como se estivessem seguindo por um labirinto. Várias vezes durante o trajeto Oliver e Eric sentiram dejavus e flutuações nas vistas. “É a névoa, não se preocupe”, acalmou Roberto numa das vezes. Depois de não sei quanto tempo eles deram de cara um uma imensa cerca branca que se arrastava para os dois lados até onde a vista pudesse alcançar. Do outro lado da carca grama verde bem cuidada e o que aprecia ser um clube campestre. Piscinas, chalés e diversas construções se espalhavam de forma não uniforme por todos os lados.

Tudo parecia atemporal: alguns chalés eram mais simples, de madeira e pedras enquanto que outros pareciam casas renascentistas e outros ainda pareciam ter saído do um desenho futurista. A medida que iam passando pelo que parecia uma estrada central, feita por um mosaico de pedras finamente encaixado, os meninos viam dezenas de outras crianças e adolescentes. Alguns cavalgando, outros pescando, outros treinando arco-e-flecha.  Roberto parou sua moto/égua infernal e desmontou. Os meninos fizeram o mesmo. Pela estrada, saindo de um enorme prédio principal, que na opinião de Eric parecia demais com a sede da corporação capsula de Dragon Ball, eles viram um pelotão de jovens. Todos vestiam armaduras de couro com elmos de bronze. Portavam escudos longos e lanças com a ponta feita de um material que lembrava bronze. De certa maneira era uma versão teen/kids de 300 de Esparta. Só que na frente, ao invés de Gerard Butler no papel do carismático Rei Leonidas, havia rapazote de uns 15 anos, magrelo, cabelos encaracolados, com algumas espinhas saltadas á pele e com uma rala barba que parecia pouco a vontade com a armadura que usava.

Eric instintivamente colocou as mãos por baixo da jaqueta, encontrando a segurança das suas adagas de confiança. Oliver deixou o braço direto estendido, como se sua espada feita de pedaços de estrela pudesse ser sacada a qualquer momento. Já Roberto deu dois passos para frente, puxou do bolso uma pequena agenda e uma caneta e começou a anotar.

O magrelo espinhento parou e os soldados continuaram, até fazer um semicírculo em volta dos três visitantes. Num estante os pequenos apontaram as lanças. Era possível ver a tensão no ar. Na verdade, alguém com uma faca afiada poderia até mesmo cortar uma fatia daquela pesada atmosfera. Longos segundos se passaram até que uma bola de futebol passou quicando no meio deles. Três meninos pequenos, vestindo camisetas pretas e amarelas, passaram correndo, agarraram a bola e voltaram pelo mesmo caminho de onde vieram. O magelo franziu a testa e solto um suspiro. Um dos lanceiros deixou escapar uma risadinha. Em poucos segundos a risadinha espalhou-se, como fogo por sobre mato seco e todo mundo estava gargalhando. Roberto começou a rir discretamente, mas depois explodiu em gargalhadas, junto com o gorducho que já estava arqueado sobre um dos joelhos, balançando a pança a cada risada. Só Oliver e Eric olhavam tudo sem saber o que fazer.

– Olha Mateus, se você continuar assim não vai conseguir manter a segurança aqui. Ainda confio na escolha do conselho, mas o chefe da casa de Afrodite para líder da segurança parece uma piada pronta – disse Roberto estendendo o braço, sendo prontamente abraçado pelo rapaz.

– Olha professor, quem não te conhece que te compre! Sei muito bem que foi o seu voto que me colocou aqui. Mas quem são os jovens visitantes?

– Semideuses. Não são filiados nem reconhecidos, nem estão em missão. O pai de um deles é grande amigo meu. Precisam de guarita e ajuda.

– Claro, claro… não temam pequenos. Eu sou Matheus Dezan, chefe de segurança do Santuário. Também sou o líder do chalé de Afrodite. Pelo visto nenhum de vocês é filho de Afrodite – Mateus esboçou uma careta – é, parece que continuo o único. É complicado – ele olhou para Roberto e sorriu – é como ser o irmão mais velho de 12 irmãs. Mas podem me chamar de sr. Dezan. Matheus é só para os amigos mais íntimos. Vamos entrar. Temos muito a conversar até a hora do jantar. O conselho saiu para ver algo no Oráculo e deve voltar só a noite, até lá conversamos.

A conversa foi no refeitório do lugar. Era enorme e parecia uma cantina de high school americano. Eric e Oliver contaram tudo o que sabiam, unto com Roberto. Após ouvir atentamente os dois Dezan começou a falar.

– Entendo. Mas eu ainda não sei o que dizer. Esta noite, na hora do jantar podemos fazer uma cerimônia de reclamação, onde, pelo édito do Senhor Z, todos os deuses vivos devem reclamar seus filhos. Como filhos dos deuses vocês são bem-vindos ao santuário. Hoje podem ficar nos alojamentos de hóspedes, mas depois de serem reclamados deverão ir a seus chalés.

– O que é ser reclamado? – perguntou Oliver.

– É o momento em que seu pai ou mãe deus aceita você como filho. Normalmente você deve fazer uma oferenda aos deuses. Ele lhe dará a sua bênção e conforme seja passará algum tempo com você. O meu pai é Hades – o senhor do inferno. Não pensem nele como dizem os livros de mitologia. Ele está mais para um ex-roqueiro de meia idade do que para um cara que controla o submundo com mão de ferro… embora ele faça isso mesmo. Ei Dezan, você lembra de quando fui reclamado?

– Mas é claro que eu não lembro. Eu não tenho idade para isso. Mas eu ouvi histórias. Sobre o senhor dos mortos andar sobre esta terra – Dezan contorceu-se como se tomado por um calafrio.

– Ele sentou-se bem aí onde você está sentado – disse casualmente Roberto.

O sr. Dezan saltou como se tivessem lhe espetado uma agulha nos fundilhos. Ele olhou em volta e começou a gargalhar.

– Certo – disse ele meio sem jeito – vou arranjar alguém para dar uma volta com os meninos. Para que possam conhecer nossas instalações.

Ele chamou um dos lanceiros e mandou que chamasse alguém. Poucos minutos depois ela chegou. Era uma moça clara, queimada pelo sol. Os cabelos eram longos e meio ondulados, amarrados numa pesada trança que fazia com que sua testa ficasse retesada e esticada. O nariz de batatinha ficava bem no meio do rosto arredondado – típico das meninas que estão passando pela puberdade em direção à juventude. Apesar disso sua compleição física era firme e o seu peso parecia ser bem distribuído pelo corpo atlético. Ela vestia a mesma camiseta preta e amarela dos meninos de mais cedo, mas usava shorts jeans na altura dos joelhos. Calçava um surrado par de tênis nike que um dia foram brancos. Nas costas trazia uma alijava com uma dezena de flechas e um arco de madeira. Na manga esquerda era possível ver um enorme desenho de um sol estilizado, com uma harpa em seu centro.

– Esta é Jade. Do chalé oito. Jade estes são Eric e Oliver. Novos recrutas. Mostre tudo a eles, mas nada muito perigoso. Eles não foram reclamados ainda. Traga-os de volta na hora do jantar.

Jade franziu o cenho. Estava claramente contrariada. Olhou os dois: um quatro-olhos nerd de computadores e um otaku pernas finas. Não pareciam grande coisa. Mas ordens são ordens.

– Vamos lá novatos. Tenho duas horas para mostrar tudo a vocês antes da grande noite.

Missões de Shadowrun S1E5

Extração na Bunraku [Infiltração e Extração]

A história é velha; entrar, pegar o que queremos e sair sem morrer no processo. A novidade de hoje é o que vamos pegar e onde.

Empregador: A Máfia. Um típico mafioso italiano, que parece que saiu de um filme de gangsters, contrata os personagens na sua pequena e refinada cantina num bairro chique da cidade. O sujeito tem rosto duro e pelo jeito já aguentou muita coisa nesta vida.

Sinopse: Parece que os homens da Yakuza sequestraram a pessoa errada para trabalhar como escrava sexual em uma de suas boates: a filha de um dos chefes da máfia italiana. O Don está furioso e quer fazer com que os “japas” paguem pela ofensa, mas não quer se envolver diretamente. Usando seus contatos, o Don localizou a boate onde a filha foi levada e ele sabe que ela ainda não foi lobotomizada. O Don contrata os jogadores para trazerem de volta sua filha e mais qualquer menina que consigam, causando tanto prejuízo e mortes quanto possível para a Yakuza. Para garantir o prejuízo extra o Don conseguiu um vírus de computador, feito por encomenda, para fritar todos os computadores do lugar, destruindo até mesmo o dinheiro eletrônico nos cartões.

Os personagens têm o endereço do lugar e algumas plantas, uma lista de geral de quantos guardas tem no lugar e onde eles costumam ficar e o vírus. Além disso essa é uma missão com tempo-limite: em 24 horas a filha do Don será lobotomizada e posta para trabalhar. Além do pagamento padrão o Dom ficará feliz de pagar um extra de 2.000 para cada menina (lobotomizada ou não) que eles consigam trazer do lugar.

Notas: Esta é uma missão onde o tempo é crucial. O grupo deve ser capaz de entrar e sair furtivamente ou pelo menos de ser capaz de planejar com rapidez as suas ações. Uma missão bem sucedida implica uma Yakuza local muito irritada e procurando por vingança e uma máfia local muito grata e pronta para ser usada como nova contratadora em breve.

Missões de Shadowrun S1E4

De volta ao básico [Infiltração]

Ah, se eu ganhasse um dólar cada vez que eu ouvisse a expressão “vai ser simples”…

Empregador: Paul Smith é um Jonhson da White Caps. Ele se veste com ternos antiquados, tem os olhos espelhados e fala de forma rápida e direta, sem frescuras ou eufemismos.

Sinopse: Paul Smith é um Jonhson em ascensão dentro da área de treinamento. Ex-agente de segurança e especialista em infiltrações ele foi contratado pela White Caps (um exército mercenário particular, nascido de uma cisão dentro da antiga legião Estrangeira) para criar uma instalação de treinamento “o mais real possível”. Os jogadores são convidados para passar pelos testes, numa simples missão de “caçar os bugs no sistema e fazer a calibragem fina”.

Ele contrata os jogadores para testarem as instalações antes da abertura para o púbico da unidade de treinamento.

Os jogadores começarão com testes físicos simples, então passarão para atividades de combate (corpo-a-corpo e depois armado), passando em seguida para atividades mais especializadas, como invadir sistemas, desarmar bombas, arrombar portas, etc. Sendo que o último teste envolve correr por uma pista de obstáculos que reúne o que há de melhor em cenários “baseados em fatos reais”.

Acontece que logo fica claro que as instalações e a sala de controle foram dominadas por runners de uma equipe rival contratados para sabotar as instalações.

Os jogadores devem agora escapar desta armadilha high-tech, e encontrar evidências que acusem a empresa e os runners rivais, limpando suas próprias barras isso é, se eles sobreviverem ao processo.

Notas: Este tipo de aventura serve como uma introdução ao universo de Shadowrun – especialmente à sua mecânica de jogo. Serve para familiarizar o jogador com a mecânica de testes de atributo, de combate e com outros testes especializados.  Os detalhes dos desafios ficam por contra do narrador, mas acho que elas devem enfatizar aquilo que o grupo sabe fazer. Pode ser que seja um cenário clássico de terroristas com reféns contra os jogadores ou mesmo um combate numa selva. Deixe que descubram aos poucos que as coisas estão um pouco reis demais, com munição de verdade sendo cuspida sobre eles e comunicadores que não funcionam. Os sabotadores planejavam desde o primeiro momento culpar os jogadores, mas acontece que eles chegam antes do previsto – daí eles têm de “brincar de gato e rato” agora.

Uma vez que descubram que estão lidando com sabotadores dê aos jogadores opções de como lidar com a situação, seja negociando a sua saída de lá, seja matando todos os inimigos…

Missões de Shadowrun S1E3

Crônica Esportiva [Escolta e Eliminação]

O futebol é o ópio do povo e o narcotráfico da mídia.

 

Empregador: Jeff de Santa, olheiro do Seattle Sounds. Ele foi jogador, jogou a copa do mundo e se arriscou como técnico. Mas seu trabalho como olheiro e contratador fez com que algumas das maiores estrelas do futebol fossem para Seattle.

Sinopse: Jeff de Santa é um ex-atleta do maior time de futebol de Seattle. Atualmente ele é olheiro e o grande responsável por contratar novos jogadores e estrelas em ascensão. Seu novo protegido é um atacante elfo de nome Peter Reinhardt. Jeff está fazendo de tudo para que Peter assine um contrato de três anos com o Seattle Sounds. Ele já começou as negociações, mas descobriu que apenas pelos meios legais ele não vai conseguir a estrela em seu time. Ele descobriu que existem pelo menos mais três times rivais na luta pelo jogador, sendo que todos eles têm equipes de shadowrunners que estão fazendo um verdadeiro jogo de capa e espada nos bastidores para que o jovem prodígio assine com seus times.

Jeff sabe que este é um jogo que onde jogam três, podem jogar quatro. Ele contrata os jogadores para servirem de escolta de Peter de sua cidade natal até Seattle (cerca de 10 horas de carro, já que o rapaz tem medo de aviões) e mais três dias enquanto ele está em Seattle para assinar o contrato quando completar 21 anos. Além de garantir a segurança do atacante, os jogadores devem garantir que ele não assine nenhum contrato com outras equipes.

Jeff joga duro e vai pagar a cada jogador 5 mil, mais mil por dia para despesas e mais 2 mil por cada dirigente de time rival que for abatido no processo. Todas as equipes rivais querem o atacante vivo e bem disposto, mas nada impede que um time rancoroso por não ter sido o escolhido resolva encerrar prematuramente a carreira do jovem astro.

Notas: O objetivo dessa missão, no entanto, é introduzir uma ideia aos jogadores: que todo mundo usa os shadowrunners, mesmo empresas tradicionais e acima de qualquer suspeita – como times de futebol. Basta pensar nas especulações e contratos com cifras milionárias que você escuta diariamente nos noticiários. Imagine que para conseguir o contrato assinado ou uma vantagem no próximo jogo os jogadores são contratados para envenenar a água do hotel, de quem sabe um time rival. Quem não pagaria para ter o livro de estratégias do time adversário?

Missões para Shadowrun – MS1E2

Um rápido encontro na fábrica de chips [Busca e escolta]

Dá pra sentir a qualidade só segurando-os na mão.

 

Empregador: Um contato de rua qualquer, de um dos personagens, que está sempre em busca de uma nova “oportunidade de negócios”.

Sinopse: Um dos contatos dos jogadores pede um favor. Ele recebeu o pagamento de uma velha dívida, convertida em mercadoria. Tudo que ele tem de fazer é dar um pulo até a fábrica de chips simsynth para receber a mercadoria e quitar de uma vez por todas a dívida. Tudo que o conato quer é apoio para buscar o material, uma vez que ele nunca lidou com aquele pessoal antes. Os personagens devem estar armados de forma leve e agir como se fossem parte do grupo que vem buscar os chips. O contato já tem um caminhão descaracterizado, pronto para levar os chips para outro revendedor.  O plano é se encontrar nos fundos de um armazém nas docas ou na zona industrial, carregar o material no caminhão e cair fora. Se a gratidão do contato não for o bastante para uma noite de serviço dos jogadores ele oferece um bônus de 5% da venda dos chips (10 mil para dividir entre os jogadores, mas só depois que revenda for efetuada).

Quando chegam ao local os jogadores são informados por um vigia que os chips ainda estão sendo impressos e que eles devem esperar mais alguns minutos. Após esse tempo a porta do armazém se abre e um técnico se apresenta para entregar o material, perguntando onde é para colocar as caixas.

Após o carregamento o caminhão segue para o aeroporto da cidade onde um novo comprador está esperando. Cercado por guardas ele paga o contato, apertam as mãos e cada um segue o seu caminho.

Desde que os jogadores mantenham a calma e não façam nada de idiota, tudo dá certo.

Notas: Essa é uma missão feita para desafiar os nervos dos jogadores e ver o quanto eles conseguem manter a calma. Ela tem tudo para dar errado. Teste esses nervos com pequenas distrações, como estivador que olha direto para eles e depois ri sozinho, a impressora de chips que parece funcionar de forma errática (ligando e desligando o tempo todo fazendo com que demorem um pouco mais). Descreva as ruas como estranhamente desertas, alimentando a paranoia dos jogadores com comentários do tipo: “hm, você pensa que esta rua seria perfeita para uma emboscada”, “olha se você fosse um sniper, aquele prédio ali tem uma cobertura excelente”. Faça um carro de polícia aparecer para checar os documentos do motorista. Depois de longos minutos e de olhares suspeitos ele libera a todos com um “boa noite e dirija com cuidado”.

Esta missão pode muito bem ser usada como o ponto de partida para muitas outras. Digamos que alguns dias depois o cara que devia dinheiro para o contato aparece morto e que o gerente da empresa de chips morre de um estranho acidente com a impressora de chips. O contato pode ligar para os personagens dizendo estar sendo perseguido por alguém antes que da ligação cair misteriosamente…

Os novos heróis do Olimpo – Capítulo 9

O balcão de reclamações do Hotel Syros

Se alguém tivesse dito a Eric que dentro de 72 horas ele estaria montando um cavalo infernal, acompanhado por um professor de filosofia semi-deus, ele não acreditaria e provavelmente mandaria o cara parar de fumar fita adesiva vencida. Mas lá estava ele, cavalgando à toda velocidade pelas ruas do Gama. Apesar de o cavalo ser enorme ele costurava pelo transito com agilidade, evitando carros e ônibus mais lentos. Só reduzia mesmo quando chegava perto de algum sensor de velocidade.

– Sabe como é… é complicado explicar multas de transito com um cavalo infernal. – explicou Roberto.

– Como é que ninguém vê esse cavalo dos infernos? As pessoas deveriam estar mortas de medo. – Eric parecia ainda desconcertado.

– Tem a ver com a névoa – o professor começou a explicar pausadamente – desde que os seres humanos desenvolveram a racionalidade eles não conseguem suportar a ideia de deuses e coisas como cavalos infernas. Então a mente deles “prega uma peça” neles mesmos, fazendo-os acreditar que se trata de uma “moto irada” ou qualquer outra coisa. Avistamentos de ONVIS e coisas como o Pé-grande ou o Chupa-cabras são a mesma coisa. A névoa é obra dos deuses para proteger seus filhos dos atos dos mortais. Com o tempo você aprenderá a controlar a sua visão da névoa e verá as cosias e o mundo como ele realmente é. É como a caverna de Platão.

Eric lembrou-se vagamente das aulas de filosofia sobre a tal caverna. Ele achou que o professor estava piradinho naquele tempo. Se tivesse prestado mais atenção, quem sabe agora o amigo não estivesse em perigo. Ele apertou o cabo das facas até sentir as mãos formigando.

A silhueta do hotel surgiu no horizonte. O cavalo parou numa vaga para motos, bufando. Algumas pessoas ficaram assustadas num momento, mas depois relaxaram. Roberto desmontou com agilidade, mas Eric teve alguns problemas para descer. Passado o susto inicial ele percebera que o cavalo não ia com a sua cara.

– Parece que kólasis não gosta muito de você. – explicou de novo o professor. Logo depois o cavalo relinchou em protesto. – não diga isso menina! Ele é meu convidado. Não importa! Olha a boca suja…

– Você fala com ela? Entende o que ela diz? Como Han Solo e Chewbacca? O que ela disse? – perguntou Eric, já um pouco arrependido: agora não sabia se queria mesmo saber o que uma égua infernal estava dizendo a seu respeito.

– Não se preocupe. Kólasis não gosta de semi-deuses. Quer dizer, gosta… de mastigá-los. Tem a ver com a educação que eu dei. Ela se socializou pouco. Mas vamos falar disso depois, seu amigo precisa de ajuda. Fique atrás de mim e haja o que acontecer não deixe ninguém correr. Outra coisa: não olhe diretamente para o meu rosto sem que eu dê autorização para isso. Fique sempre alguns passos atrás de mim, entendeu?

– Oque vai acontecer? Você vai me faze virar uma estátua de pedra?

– Não. Mas não acho que você queira molhar as calças.

Roberto tomou a dianteira, entrando pela porta do hotel. Ele parecia maior, como se o terno tivesse encolhido, ou como se ele estivesse inflando. Ele foi diretamente à recepção, com a caneta em punho.

 – Olá Nausícaa. Onde está aquele maldito criador de porcos que atende pelo nome de seu patrão?

Nausícaa levantou os olhos e abriu a boca, paralisada de pavor. O seu grito congelou na garganta e tudo que se ouviu foi um fio de lamento. Ela tremeu e disparou a correr. Eric teve problemas para segurá-la. A mulher estava realmente numa crise de pânico. Tremia incontrolavelmente e balbuciava coisas que pareciam grego. Roberto aproximou-se. Eric desviou o olhar e viu o reflexo de Robert num dos espelhos. Foi apenas por um segundo, mas era algo horrendo. A mascote do Iron Maiden não conseguiria ser tão feio e assustador como ele. Era algo primal, aterrador, o medo da morte em pessoa.

– Eu vou perguntar uma vez mais: onde ele está?

Nausícaa não conseguiu responder. Apenas olhou para o elevador e apontou na direção dele. Quando Roberto virou na direção do mesmo ela desmaiou.

– Dádiva de Fobos. É o que dá ter como padrinho de casamento o deus do medo. – a voz e o rosto de Roberto estavam de volta ao normal.

Entraram pelo elevador e Eric viu o painel. Haviam mais botões que ele se lembrava. Roberto apertou um botão que dizia privativo. O elevador sacudiu. Eric não sabia dizer se estavam subindo ou descendo. Mais de um minuto se passou antes das portas se abrirem. Eric mal podia acreditar. Estava no fim da tarde agora e numa cidade á beira-mar!

Roberto observou o ambiente. Era o deck de piscina de uma casa de praia. Ao lado uma casa de praia ao estilo havaiano, mas numa visão mais moderna, daquelas que custam milhões de dólares. Roberto foi entrando pela porta sem cerimônias. Na sala, quase vazia, num estilo minimalista havia um senhor negro sentando ao lado de um sofá. No sofá, deitado e enrolado em mantas de couro de cabra, tal como fosse um bebê recém-nascido estava Oliver. O homem ergueu os olhos e viu Roberto e Eric. Sua expressão passou de preocupado, para assustado, e de assustado para furioso numa questão de segundos. Ele agarrou sua bengala e dela sacou uma espada – igualzinha àquelas dos filmes de James Bond – e ficou de pé, em posição de guarda. Roberto acenou com a cabeça, em silêncio. Retirou do bolso do casaco uma garrafinha de ambrosia caseira e entregou a Eric. – Faça seu amigo beber isso, ele disse antes da sua caneta virar a espada que Eric vira mais cedo.

Eumeu urrou de fúria e investiu contra Roberto. O impacto arremeteu os dois para o lado de fora da casa, arrebentando as portas de vime e vidro como se fossem de papel. Eric parou à porta. Era um combate titânico, sem reservas. Os dois usavam seus melhores truques. Faíscas voavam quando as espadas se tocavam com força, num balé mortal, sem qualquer coreografia. Eric foçou-se a entrar. Como ele queria filmar aquilo. Aquilo teria mais de um milhão de visualizações no youtube antes do dia nascer. Mas o dever com o amigo falava mais alto. Ele parou junto da mesa. Oliver estava falando em grego ou algo que parecia grego. Na mesa havia um gravador ligado, um bloco de notas e dezenas de anotações. Tudo para dentro da mochila. Eric deu a Oliver a ambrosia e ele tossiu. Aos poucos foi abrindo os olhos.

– Bem vindo de volta ao mundo dos vivos, cara! – Eric tentou soar convidativo e calmo.

– Onde é que eu estou? – Oliver firmou-se, tomando mais um gole de ambrosia – A última coisa que eu me lembro foi de estar jantando com o dono do hotel. Um velhinho simpático.

Uma explosão encheu a sala de luz e poeira. Num dos cantos Roberto jazia no chão. Seu braço estava ferido, e haviam cortes por todo o seu corpo. Ele ofegava com dificuldade. Além da explosão, do lado de fora Eumeu limpava o suor do rosto. Usava uma luva dourada, como se fosse feita de tecido de ouro. Na mão a espada-bengala saída do filme de James Bond.

– Esse velhinho simpático aí? Estamos aqui para te resgatar e aquele meio morto do outro lado é o contato do seu tio. – Eric sacou as adagas e falou com firmeza – Vou segurar esse “mão de ouro”. Dá ao Roberto o que sobrou da sua ambrosia.

Oliver assentiu, mesmo sem entender muita coisa. Eric correu na direção de Eumeu, parando no que sobrou da porta. O que ele poderia dizer? O que poderia ganhar tempo? Eumeu parecia bem menos ameaçador agora, mas Eric sabia que Roberto era casaca-grossa. Não poderia baixar a guarda.

– Cara, eu não sabia que o seu hotel tinha cobertura na praia. Tem que pagar alguma taxa extra ou é só para semi-deuses sequestrados? – Eric sentu-se estranhou se referir ao amigo como semi-deus, mas pareceu bastante cool.

Eumeu baixou o rosto e sorriu. Apontou a mão da luva na direção de Eric e de repete um clarão se seguiu. Eric mal teve tempo de esquivar. Um jato de energia luminosa e brilhante praticamente pulverizou o outro lado da parede. Eeumeu não estava de brincadeira. Luvas de raio que disparam a velocidades impressionantes não ajudam nada quando você não as tem.

 – Você esquivou? Mas como? O punho luminoso se move como a flecha de Apolo e é a arma mais rápida do Olimpo! Só pode ter sido sorte! Não vai acontecer de novo!

Eumeu apontou novamente e disparou uma segunda vez. Eric se concentrou e pode ver o contorno do disparo se formando. Ele era bem mais fino que o flash luminoso da luva. Eric só pensou em se esquivar e quando viu estava correndo com as adagas na mão, desviando das seguidas rajadas de Eumeu. “Não pense, apenas aja” dizia para si mesmo enquanto se aproximava de Eumeu. Ele não sabia que estava correndo rápido: na verdade para ele estava correndo em câmera lenta, como um sonho, dando dezenas de passos entre uma batida e outra do seu coração. Instintivamente ele atacou com as adagas. Foi como tentar beijar um trem expresso.

Quando abriu os olhos Eric estava todo estrupiado. Como pé em cima dele estava Eumeu, espada em punho. A luva fumegava no chão e sua mão estava queimada, sapecada de marcas de queimado por todo lado. Aquilo deveria doer pra burro.

– Vocês semi-deuses são todos iguais. Cheios de empáfia. Eu estou no mundo desde os tempos da Odisséia. Acham que podem mesmo me vencer? Normalmente eu roubo e vendo informações, mas dessa vez eu vou entregar três semi-deuses aos tártaros.

Eumeu ergueu a espada e Eric ficou cego por um instante com o brilho de luz. Era o fim.

Aventuras para Shadowrun

Acho que é uma situação que todo mestre já passou: está todo mundo em volta da mesa, prontos para jogar e o narrador não tem a menor ideia da aventura que vai acontecer daí a pouco. É por isso que estamos aqui. Vamos fazer uma série de mini-aventuras que podem ser aproveitadas como ideias para começar uma aventura, além de ganchos e outras reviravoltas, completas com empregador, nome da aventura [com tipo] e mais algumas dicas. Tudo pronto para usar.

Mas esse não é o objetivo final. Eu tenho pronto alguns desses já, mas o que eu quero mesmo é trazer de volta à vida jogadores do gênero Shadowrun, Cyberpunk 2020 e coisas assim. Qualquer um pode – e deve- contribuir, seguindo o formato que eu vou fornecer abaixo. No final, quando tivermos 30-40 mini-aventuras, vamos reunir tudo num PDF e ter mais uma ferramenta para jogos. O que me dizem?

Nome da Aventura [tipo de aventura]

O título da aventura funciona como o nome de um episódio de sua série favorita. Serve para atrair a atenção dos jogadores e dar uma ideia do que estará por vir.  O tipo de aventura ajuda a identificar rapidamente o que se pretende com ela: se é de investigação, invasão, proteção…

Empregador: Quem está contratando os personagens para fazer o que. Pode ser uma pessoa, uma empresa, um NPC ou mesmo uma circunstância além do controle de qualquer um.

Sinopse: Um resumo da história, completa com o trabalho a ser realizado, que tipo de oposição os personagens vão encontrar e tudo o mais que for preciso para que a aventura comece, tenha um meio e um fim. Você não precisa ser extremamente detalhista aqui, mas dê a informação o bastante para que tenhamos o básico para uma aventura. Procure não se alongar muito. Dez a vinte linhas são mais que o necessário.

Notas: Qualquer informação que seja importante para a aventura, mas que não se encaixe nas categorias acima. Pode ser uma sugestão de recompensa, onde você pode achar informações sobre os inimigos, sugestões de um odo geral. Essa seção é opcional.

Então, vamos começar?

Uma noite na cidade {Investigação].

Às vezes você só está no lugar errado, na hora errada.

Empregador: Um cara recém-falecido.

Sinopse: É noite na cidade e os jogadores estão cuidando da sua vida, talvez gastando parte dos lucros do seu último trabalho. Ao irem em direção ao carro escutam tiros e uma pequena explosão virando a esquina. De repente vêm uma pessoa correndo na direção deles, sendo perseguido por soldados mercenários. Os mercenários matam o sujeito quando ele estava passando perto dos personagens. Se os jogadores não intervirem, os mercenários vão achar que eles eram algum tipo de contato do fugitivo e vão abrir fogo contra eles.

O morto era um zé-ninguém corporativo. A única coisa de valor que carregava era um chip de memória com dados de pesquisa. A natureza dos dados fica por conta do narrador, mas são dados que são valiosos. Valiosos o bastante para uma empresa pagar bem por eles e para outra empresa despachar um grupo de mercenários para recuperá-los.

É basicamente uma missão de investigação, uma vez que os jogadores têm em suas mãos dados valiosos, mas não têm qualquer ideia de que tipo de dados e de quem está em busca deles.

Notas: Missão rápida, pode ser usada para começar uma séries de aventuras. Instantaneamente coloca os jogadores frente ao perigo, mais ou menos despreparados. É um jogo de capa e espada entre companhias rivais. Uma chance das coisas começarem a rolar bem ou de saírem MUITO errado.