Pague pelo que comeu, ou morra de fome

Ou… nem relógio trabalha “degraça”.

Olá gente, faz tempo que não escrevo aqui. Nem sei se ainda tem alguém que acessa isso. Mas vamos ver se consigo colocar algumas palavras que andam me afligindo nos últimos dias. É uma situação do mundo real que eu queria transportar para o mundo do jogo, mas acabei raciocinando melhor e penso que ela deve discutida no seu mundo de origem, o nosso.

Como lido com o rpg por hobbie tem alguns anos eu já vi de tudo neste meio. Conheço um bom número de autores e escritores do meio, sem falar de tradutores, diagramadores e desenhistas. Muitos deles meus amigos pessoais.  Essa postagem é meio que dedicada a gente como Cláudio Pozzas, Márcio Fiorito, Marco Morte, Maria Zanini, entre outras.

Mas foi a postagem de uma desenhista chamada Samara que me chamou atenção. Ela postou os “screenshots” de uma conversa que ela teve com um rapaz chamado Robson que queria que ela fizesse umas poucas ilustrações para ele (15 num total, coisa rápida), mas que não tinha condições de pagar porque tinha “outras despesas”.

A profissional agiu com a ironia que gente como esse tal de Robson merece. Vivemos num mundo capitalista onde, nas palavras de Pedro Bial, “tudo tem um preço e nada tem valor”. Uma coisa é você querer fazer trabalho voluntário e doar seu tempo, recursos e trabalho para alguém, mas outra é as pessoas acharem que “o que custa você usar o talento que Deus lhe deu para ajudar o próximo”.

Gente como o Robson me deixam sinceramente enojado. Quer dizer que você pode pagar para comer no seu restaurante de fastfood favorito, pode dar uma esticada no seu cinema favorito para ver o filme 7 da sua franquia favorita (menos o Fábio Pochat que só assiste “tudo pela audiência”), paga de bom grado para poder voltar de transporte público para casa e depois quer que alguém faça algo para você de graça? Assim, na boa? 0-800?

Ah Betão, mas estes artistas vendem rios de dinheiro e recebem muito bem. O que são umas poucas 15 ilustrações de photoshop no estilo “Sakimi-chan”, uma traduçãozinha de 150 páginas (você é talentosa, faz isso num piscar de olhos), dar uma revisada de leve na minha monografia, tudo de graça, com a promessa de que você pode contar com a pessoa depois? Se é assim, Zeca de Pindura, por que você não abastece o carro e deixa de pagar? Tenho certeza que o posto de gasolina que vende milhões de litros por semana não vai se importar com isso. Por que pagar pela comida de um restaurante ou mercado quando tem tantos outros clientes que pagam pelo serviço? Aliás, por que você, que concorda com gente como o Robson, não chega para o seu chefe e diz que esse mês você não quer receber seu salário? Que nesse mês em especial você vai fazer tudo de graça. Não rola né? Por que com outras pessoas você acha que rola?

Parabéns à desenhista e ilustradora Samara, da comunidade Mundo Mara do facebook, que acaba de ganhar um fã e um like. E Robson, se você estiver lendo isso, vá se foder.

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