Faz uns meses que eu converso com um camarada pelo chat do gmail sobre skyrim. São sempre conversas rápidas do tipo “ontem descobri tal coisa” e “você já tentou forjar daedric?” e coisas do gênero. Esse meu camarada não joga RPG de mesa – que agora sendo chamado pela mídia especializada de RPG offline (que ironia).
De umas semanas para cá nosso papo tem se voltado mais para o RPG offline – embora eu saiba que dentro dos gêneros de videogame, Skyrim está mais para Adventure com características de RPG do que para RPG mesmo. Eu o convenci a procurar um grupo de jogo e experimentar. E assim ele fez. Encontrou um grupo de D&D na sua região e jogou duas partidas. Ele detestou.
Não o jogo em si. Ele gostou da interação da mesa, fez novas amizades e conheceu coisas nerds que ele nem supunha que existissem. Mas ele não gostou da limitação das regras. Ele me disse que quase caiu para trás quando ouviu as explicações para a magia vanciana (prepara por dia, solta e esquece), que magos não poderiam usar armaduras e que havia classes de personagem, cada uma praticamente com um sistema próprio. Ele me reclamou disso por intermináveis nove minutos de conversa (nunca tínhamos nos falado por tanto tempo antes).
Eu comentei com ele que existem outros sistemas que ele poderia experimentar. Alguns mais engessados como D&D que funcionam dentro de premissas muito específicas (e mesmo assim ainda muito divertido) e outros muito mais soltos como Shotgun Diaries (igualmente muito divertido). Mas ele queria algo mais como ele estava acostumado. Porcentagens, combate medieval, raças fantásticas… daí eu sugeri que ele desse uma olhada no sistema daemon, da editora de mesmo nome. Expliquei que pela minha experiência em jogos, daemon é o mais próximo da meta-mecânica de Skyrim que existe: um mago pode usar armadura, soltar magia de cura enquanto tiver mana o bastante para tal e que não haviam classes, mas sim kits (espécie de pacote pronto de personagem) que são opcionais.
Esse nosso papo me fez repensar algumas das minhas escolhas como mestre e jogador ao longo destes anos. Sendo por sistema, seja por escolhas mecânicas e de meta-jogo. É bom quando esse tipo de coisa acontece e nos faz repensar mais sobre o nosso modo de ser e de agir. Não apenas sobre o jogo, mas por outros aspectos da nossa existência terrestre (hmm, esse soou filosófico…)
Estou aguardando o nosso próximo encontro para saber se ele achou algum grupo de daemon (acho difícil, já que o sistema anda meio abandonado e sem lançamentos). E quem sabe eu não me anime a finalmente colocar algumas notas de jogo no formato daemon e ver como elas se saem.
Até a próxima.