Em 2008 eu fiz uma postagem no meu wordpress com uma lista dos dez cenários que eu mais gostava. Resolvi atualizar essa lista para ver o que mudou de lá para cá.
Quero destacar que as escolhas aqui são completamente subjetivas e não tem qualquer obrigação com sistemas ou pessoas.
10 – Allansia (na lista de 2008 era: Allansia)
Provavelmente foi o primeiro cenário de RPG que eu vim a conhecer, ainda quando jogava D&D 0. Eu conheci Allansia através de livros da coleção Aventuras Fantásticas. É um cenário que os meninos de hoje chamariam de “mal-feito-dark”. Mas boa parte do que eu sou como mestre hoje advém das aventuras que vivi nesse fantástico mundo, passeando por lugares incríveis como Port Blacksand e Feng…
Pelo que sei o cenário como um todo foi revitalizado para o sistema d20, o que foi uma coisa muito boa. As possibilidades de aventuras vão desde singrar os mares à bordo do Cisne Negro, contratar o velho Nicodemus, esperando que ele não me transforme num peixe e me jogue no rio Peixe-Gato (um lugar que faria o Rio Tietê parecer uma nascente cristalina).
9 – Tormenta (Na lista de 2008 era Fantapunk)
Reencontrei o cenário de tormenta graças à talentosa escrita de Karen Soarelle. Ele deu nova vida ao cenário que em 2019 faz 20 anos de lançamento. Penso que as novas configurações do cenário, vistas no romance a Deusa no Labirinto, trazem um frescor bem-vindo e tratam com respeito novos e antigos jogadores.
8 – Shadowrun (na lista de 2008 era Crônicas de Avalon)
O mundo mudou. Quando vi o conceito de shadowrun eu bati na testa e disse: putz! Como não pensei nisso antes? Elfos, anões, magia, ciberspaço, implantes biônicos e armas de fogo! Shadowrun é ao mesmo tempo sedutor, mortal, velhaco e completamente amoral. Seu melhor amigo pode se tornar seu maior inimigo, o dinheiro fala mais alto e burrice mata mais que bola de fogo. Apesar de ter parado de acompanhar a evolução do jogo quando ele chegou na sua segunda edição (a única disponível no Brasil) eu ainda adoro a velha Seatle e suas ruas sujas, infestadas de gente louquinha para te detonar.
O sistema ainda é muito travado, mesmo depois de várias edições, o que continua me afastando dele.
7 – Nebula RPG (na lista de 2008 era Shadowrun)
Nebula (lê-se “nébula”) é um jogo RPG (cenário + regras) onde os jogadores interpretam personagens criminosos em um futuro distante. O sistema solar já não existe mais e a estrela Tigris é o novo lar da humanidade. Uma grande organização militar conhecida como OMEGA (Organização Militar Extraplanetária dos Governos Aliados) governa a maioria dos mundos com punho de ferro. Os personagens dos jogadores são piratas espaciais tentando fazer negócios perigosos com mafiosos enquanto escapam do radar da OMEGA. Jogo inspirado em Duna, Matrix, Guardiões da Galáxia, Minority Report, Tropas Estelares, Firefly, Cowbow Bebop e outros.
6 – Mundo das Trevas 2a. edição. (Na lista de 2008 era Mundo das Trevas 2a. edição.)
Quando eu bati os olhos no mundo de Vampiro a Máscara eu pensei: não quero morar ali… mas quantas noites e madrugadas dessa vida eu passei rolando dados de dez faces, escapando de criaturas mais poderosas do que eu e caçando o que comer entre as pessoas que um dia chamei de minha raça? É um mundo negro, apaixonante e que dá muito espaço para que você o modele como desejar. De repente o mundo de Entrevista com o Vampiro estava ali na minha frente, me chamando.
Claro que esse cenário tem defeitos que nunca pude suportar: sua terceira edição de politicagens e seu fim do mundo nada legal. Mas se tem uma coisa que eu admiro é o meu surrado vampiro a máscara segunda edição.
5 – Mítica RPG (na lista de 2008 era GTA Vice City)
Mítica apresenta um mundo oriental, vívido, plausível, entupido de culturas diferentes e de todo o tipo coisa que vai fazer você dizer: UAU! Quero jogar com isso aqui. Além do fato de ser nacional, Mítica é muitíssimo bem escrito e tem ganchos de aventuras até não poder mais. Você pode – como eu fiz – passar dez sessões de jogo sem nunca ter de deixar seu reino nativo (no meu caso Ryujimm) e ainda assim dizer: como esse mundo é grande, e delicioso de ser explorado.
Infelizmente não é mais publicado. Uma versão para D&D 5e seria muito bem-vinda.
4 – 7º Mar (na lista de 2008 era Eberron)
7º Mar é um RPG de fantasia e swashbuckler (ou capa e espada) publicado no Brasil pela new order. Se passa no mundo de Théah, inspirado na Renascença. Théah é um mundo de mosqueteiros, piratas, sociedades secretas e intriga política. Cada país em Théah pode ser comparado a um reino europeu, mas é uma representação exagerada. Feitiçaria existe em grande parte do mundo. A religião dominante no mundo é a crença em Theus e seus profetas, é baseado em uma forma de cristianismo gnóstico e apresenta um paralelo com a Inquisição espanhola. Também há referências aos Cavaleiros Templários, Maçons e ao Colégio invisível dos cientistas.
Dos sete mares que rodeiam Theáh, apenas seis são realmente conhecidos. Ha uma dúvida da existência do sétimo, e há boatos de que aqueles que vão até ele, não retornam para contar a história.
3 – Gaia 400X (na lista 2008 era Mítica)
Gaia foi um caso de amor à primeira vista. Reúne tudo o que eu mais gosto em RPGs eletrônicos como a série Final Fantasy, a série Wild Arms, a série Phantasy Star, e animes como Cowboy Bebop e Vampire Hunter D. Technofantasy saindo pelas orelhas. Um mundo que recria velhos conceitos, apresentando um lugar que todos nós conhecemos antes mesmo de jogar. Uma jogada de mestre.
O cenário foi lançado numa Dragão Brasil (a 120, eu acho) e nunca teve continuidade. Uma pena. Hoje seu criador, Márcio Fiorito desenha HQs dos Vingadores.
2 – Eberron (em 2008 era Gaia 400X)
Lançado como o campeão de um concurso de cenários produzido pela wizards of the coast, Eberron foi um cenário que eu gostei muito. Fugindo do conceito tradicional tolkienieniano, e com adições massivas de inovações e raças interessantes bem costuradas, Eberron consegue ser um cenário que agrega sob o mesmo teto uma sociedade em que a magia é amplamente conhecida e usada quase que cotidianamente, em que máquinas de batalha meio-golens estão em busca de sua identidade, com navios voadores movidos a elementais. Uma senhora e bem costurada estrutura, amparada por uma história verossímil e bem sedimentada, quem em nada se parece com uma colcha de retalhos.
Felizmente o cenário vem passando por um ótimo momento. A versão para D&D 5e está na minha lista de natal.
1 – Xcrawl (na lista de 2008 era Xcrawl)
Esse cenário me atingiu como um raio. Se eu bati a mão na testa com Shadowrun, com esse aqui eu me recrimino até hoje: POR QUE, DIABOS, EU NÃO PENSEI NISSO ANTES??? Misture exploração de Dungeons, Esportes radicais e transmissão ao vivo pela televisão numa versão distorcida do mundo moderno, com magia que funciona mesmo e um império romano moderno e você vai ter uma pálida ideia do que é Xcrawl e porque ele é o meu favorito de todos. Um mundo ao mesmo tempo exagerado, mundano, mortal e quatro cores. A fama pode ser tudo e você pode ser mais famoso que deus. Você arrisca seu pescoço por grana e pode acabar ganhando cera para polir seu carro por um ano! Tudo e mais alguma coisa pode acontecer quando o DJ dá o sinal verde.
Se você não gostou de alguma coisa que eu postei aqui, ou acha que esta faltando alguma coisa nessa lista, ou ainda, colocaria alguma coisa diferente, drop me a line. Vou ter o maior prazer do mundo em discutir com você.