Thundercats ho!

Os novos Thundercats

Sempre fui fã de desenhos animados. Eles tinham o fantástico dom de atiçar a minha imaginação e por em brasa as minhas idéias. E sendo uma pessoa que cresceu em meio a efervescência cultural pop que foi os anos oitenta, tenho alguns ícones que são de dar inveja a esta nova geração: Guerra nas Estrelas, Indiana Jones, Transformers G1, Voltron, Robotech, Monkey Punch, Caverna do Dragão, Silver Hawks, Galaxy Rangers e tantos outros. Mas nenhum foi tão especial e tão charmoso quanto os Invencíveis Gatos do Trovão.

Munido de uma estética impressionante, grandiosa e uma animação extremamente fluída (para os padrões da época) Thundercats apresentava o sonho de qualquer menino-aventureiro: espada, magia, super tecnologia, artes marciais num elegante pacote. Algumas daquelas aventuras e partes do próprio enredo mudaram a minha personalidade para sempre. Como não ficar fascinado pelo código de Thundera? Como não vibrar com as conquistas do thundercats frente aos impossíveis desafios que se abatiam sobre eles?

Algumas coisas, no entanto, sempre me incomodaram. O fato de terem vários autores colocava o desenho a se contradizer de tempos em tempos. Qual não foi meu choque a descobrir que existe um planeta de Snarfs e outro, chamado Nova Thundera cheio de sobreviventes do planeta original?

Então, depois de mais de dez anos de enrolação surge o novo Thundercts. Seus trailers no Cartoon Network USA eram os mais aguardados. Víamos rstos familiares e buscávamos em suas novas aparências explicações: seria a mesma coisa, não seria, estragarim tudo?

O problema dos remakes é que normalmente estragam tudo. Colocam fora de perspectiva ou adicionam elementos que desandam a coisa toda. Com Thundercats isso não aconteceu.

A partir daqui vou colocar alguns spoilers: se você não quer saber até ler, pare por aqui.

Ex-servos de Mun-ra

O desenho é cheio de homenagens. Já no primeiro episódio vemos os restos de mão de berbil (aqueles ursinhos metálicos e peludos que construíram a Toca dos Gatos no desenho clássico). Também vemos passagens de outros desenhos da mesma produtora – numa das cenas vemos o Monstro Estelar (Star Munsta) de Silver Hawks. Tudo muito discreto e sem forçação de barra.

O desenho agora mostra os thundercats como “reis” do terceiro mundo. Governam cm garras de ferro os outros povos-animais. Sua tecnologia recrudesceu imensamente: não possuem luz elétrica, armas de raio ou naves: estão mais para guerreiros medievais, pré-renascentistas. A Thundera de cima se parece demais com a Itália renascentista. São o povo mais odiado do planeta.

Os Thundercats são ex-servos de Mun-ra. Pelo que deu para entender no episódio 7:  Legacy (Legado) Mun-ra era uma espécie de super conquistador galático, varrendo o universo em busca das pedras guerreiras (War Stones). Todas as raças animais agiam como seus escravos. Ele chega a comentar com Leo (antepassado de Lion-o): “Cada espécie tem seu lugar, Leo, alguns com um destino maior que os outros… mas a sua espécie tem se revelado a mais astuta e implacável. Vocês inspiram medo nos outros animais. Eles odeiam vocês tanto quanto me odeiam. Se eu suspeitasse de uma rebelião, os gatos seriam os primeiros a morrer”.

Mun-ra tem um plano simples: ele forjou a espada de Plundarr  e colocou uma das pedras guerreiras lá. As outras duas ele colocou na sua garra-guarda. A última Lion-o usou para cria a espada justiceira de Omens. Com a ajuda da espada de uma bem orquestrada rebelião, Lion-o toma as pedras de Mun-ra e sua grande nave (uma pirâmide) cai no planeta chamado terceiro mundo. De lá, os sobreviventes da queda se espalham pelo mundo, mas sem a tecnologia. Nesta cena chegamos a entender como Phantro conseguiu um Thundertank – quando Grune o traiu para se aliar a Mun-ra ele caiu nos fundos da nave. Com certeza lá conseguiu a nave.

Mas esta explicação para lá de bacana não é o grande atrativo do desenho. O seu roteiro está muito mais maduro e interessante. O ponto mais alto até agora é o episódio 4: a canção dos Petalars. É muito emocionante.

Thundercats é um cenário de RPG pronto para ser jogado. Coloque suas raças na mesa e vc vai estar pronto para jogar. Eu aconselho para esta adaptação o Mighty Blade II.

Boa tarde a todos.

RPG é um jogo caro.

RPG é um jogo caro?

Recentemente vi o meu amigo João Paulo Finório comentando acerca de uma alegação de que jogos de RPG no Brasil não são caros. A argumentação dele é que no Brasil, os manuais de jogo são muito econômicos porque contam com um bom número de páginas, ilustrações, capa dura, mesmo que tenham uma tiragem baixa. Ele compara inclusive o material com os livros de direito que tem tiragens muito maiores e nenhuma ilustração, custando muito mais.

Acredito que o JP é um dos maiores entusiastas do jogo no Brasil. Um cara que ama de paixão o seu hobby. Ele escreve de forma apaixonada, defendendo seu ponto de vista com unhas e dentes. Mas nem sempre consegue dar a explicação adequada a seus pontos de argumentação. A minha contribuição para ele hoje e para você que está lendo isso é tentar fornecer argumentos para a discussão: os livros de RPG são caros no Brasil?

Antes de tecer qualquer linha argumentativa vamos entender o que é caro. No dicionário online (é estou com preguiça de desembalar o meu Aurélio) temos que:

De preço elevado.

De preço excedente ao real valor.

Adv. Por alto preço: vendeu caro a casa.

Mais do que seria razoável ou normal: custa caro o ingresso.

Como estou falando de livros, vou me focar em dois pontos da definição: “De preço excedente ao real valor, mais do que seria razoável pagar pelo item”. É isso que eu defino como “caro” e é em cima desta definição que começarei a tecer as minhas idéias.

Em 02 de abril de 2009 eu publiquei neste mesmo blog uma postagem questionando se RPG era um jogo de elite. A resposta que obtive na época é que sim, o RPG é um jogo de elite. Mas não por conta de seu preço e sim por uma série de outros fatores que deles se exigem para que se comece a jogar.

Daquele mesmo texto trarei alguns argumentos:

“Normalmente seus manuais são caros. São livros em tamanho grande, com pelo menos 64 páginas e que quase sempre ultrapassam a soma dos 20 reais. Possuem ilustrações e tiragens normalmente pequenas o que encarece mais ainda o seu custo. O fato de precisarem de acessórios como dados, por exemplo pode transformar uma inocente partida de fim de semana num gasto que pode facilmente superar os 300 reais. Tão certo quanto existem livros caros também existem suas contrapartes mais econômicas”.

Acho um erro comparar um livro de RPG com um livro de direito. Se seu livro de RPG vem com algum defeito o efeito na sua vida é mínimo: e daí se a mantícora tem 10 pontos de vida a menos? Mas uma falha num livro de direito pode levar um advogado ou juiz a interpretar mal à lei e mandar um inocente para a cadeia. Um Vade Mecum é um livro caro porque é um livro de nicho muito específico, com uma linguagem e um cuidado que livros de RPG não precisam ter.

Se eu quero saber se um livro de RPG é caro ou barato como devo proceder então? Olhar os preços do passado a simplesmente jogar os indicativos econômicos do período parece ser uma idéia boa, mas gera muitas distorções. Não existe como mensurar o custo do papel, da editoração eletrônica, da estocagem e de mil outros fatores que influem no preço. Então a melhor saída, a meu ver, é comparar os livros, contar seus benefícios e ver o que se sai melhor. É o que fazemos quando vamos comprar um carro, uma bicicleta, um videogame. Acho mais que justo.

Para saber se seu livro está caro, compare-o com outros do mercado. Leve em consideração se tem ilustrações e se estas lhe são agradáveis. Capa dura é outro ponto a ser visto. Quantidade de material disponível para o citado livro, se tem boa base de fãs e finalmente se você pode pagar por ele um preço considerado justo.

Faça a comparação você e me diga o que você acha?