O arsenal dos servos de Deus

Armorial Divino

Hungria, dominada pela Alemanha Nazista, 1943.

Helena não deixou-se abater pelo cansaço apesar de estar com o braço seriamente ferido. Continuava por um trilha serpenteada nas montanhas Húngaras, movendo-se o mais rápido que podia. A sua volta o som de sirenes e de vozes perfazia uma dissonância ensandecida ampliada pelos ecos das montanhas. Parecia que a cada volta da trilha, a jovem madalena cairia direto nas mãos dos seus perseguidores.

O esforço empreendido para capturar a jovem, no entanto, era muito maior do que uma simples patrulha barulhenta. Afinal não era qualquer um que entrava no castelo “Valdengardan” de Emmerich Ollië, o maior colecionador de arte sacra e mística de Adolf Hitler, roubava uma de suas mais valiosas peças e 24 horas depois, continuava vivo. Cerca de seis equipes de infantaria, auxiliadas por tropas motorizadas e por agentes da Gestapo auxiliava na busca que se estendia em todas as direções nas colinas descendentes daquelas paragens.

Helena cessou seu movimento, recostando-se na casca de uma árvore. Ela olhou o braço, sujo e ensangüentado: a julgar pela dor que sentia e pela posição incomum do pulso ele estava quebrado em mais de um lugar. Mas a peça que ela conseguira recuperar, um pequeno frasco lacrado, marcado em alto relevo com o selo da coroa portuguesa valia a pena o esforço. Afinal se os párocos de São Marcos estiverem certos ali reside o último exemplar da água convertida em vinho por Cristo, pouco antes de ressurreição de Lázaro. Após refazer suas preces, a jovem iniciou uma vez mais sua jornada, alertada pelos perigos da noite e acalentada por sua inabalável fé.

Poucas religiões no mundo pregam tanto o amor e a compaixão como a católica. A fé, não só em Cristo, como em muitos mártires da santa Igreja nos deixa legados impressionantes da passagem dos homens santos pelo mundo.

Itens:

A água convertida em vinho: o presente de Santa Isabel de Portugal – a Santa Rainha

Poucos dias antes de ressurreição de Lázaro, conta a bíblia que Cristo foi convidado para uma festa. Lá chegando a bebida estava por acabar, e a pedido de sua mãe ele transformou vários tonéis de água em vinho, que segundo contam foi o melhor já feito. A tina restante da festa foi levada para Portugal, segundo conta a lenda, e lá foi passada de geração em geração, sempre dentro da família real da casa de Aragão. Com o passar dos anos a tina foi sendo diluída e consumida até que em 1331 o último frasco restante foi dado de presente a Igreja de São Marcos pela então rainha de Portugal, Isabel, que mais tarde com convertidaem santa. Ofrasco então foi rebatizado como o “presente de Santa Isabel de Portugal – a Santa Rainha”.

Foi roubado por espiões nazistas no ano de 1941. Uma Madalena foi enviada para recuperar o frasco, mas ela morreu antes de completar sua missão. Quando a fortaleza nazista de “Valdengardan” foi tomada pelos aliados uma junta da Igreja foi certificar-se de que os nazistas não tinham consumido o frasco. De fato, apenas constava nos registos que o frasco havia sido roubado e seu paradeiro ignorado.

Conta-se que o conteúdo da tina era usado como bálsamo milagroso que expulsava enfermidades, curava vícios e prolongava a longevidade daqueles que dele bebessem.

Os espólios de São Sebastião

São Sebastião foi um cristão, de provável naturalidade milanesa (Milão). Ele foi soldado de grande prestígio dentro das legiões romanas e fervoroso defensor dos cristãos. Segundo conta nos registros de Santa Luciana da Itália, ele curou vários doentes pela imposição das mãos inclusive o prefeito de Roma, Cromácio, que convertido após a cura, mandou libertar os cristãos e abandonou o cargo.

Durante a perseguição de Imperador Diocleciano, Sebastião foi torturado, preso a uma árvore e trespassado por inúmeras flechas. Foi encontrado e salvo por Santa Helena, que peregrinava a Jerusalém. Após restabelecer-se voltou a defender os cristãos e a curar enfermos. O Imperador ordenou então que fosse morto a pauladas, bolas de chumbo e por fim atirado no esgoto. Santa Luciana da Itália encontrou seu corpo e o enterrou próximo a São Pedro e São Paulo.

Das relíquias deixadas por São Sebastião sobressaem-se as flechas, o manto e um pingente feito com suas cordas vocais.

As flechas são num total de 9, todas com marcas de sangue em sua ponta, retiradas do corpo de São Sebastião por Santa Luciana da Itália. Foram divididas em 3 grupos: o primeiro deles ficou com a própria Santa Luciana, mais tarde convertida numa Madalena. O segundo deles está devidamente encerrado nos cofres do Vaticano e o terceiro conjunto foi confiado a Cromácio. Uma flecha de São Sebastião é mortal contra criaturas malignas. Vampiros, demônios e semelhantes são imediatamente destruídos se trespassados por uma delas.

O manto de soldado foi vendido a um comerciante romano quando São Sebastião foi preso a primeira vez. Esse manto representa a força do soldado e a fé no poder de Deus. Ele fortalece, não apenas espiritualmente, mas também fisicamente a todos os que o usam.

Aa cordas vocais de São Sebastião foram retiradas por ladrões de túmulos, mais de 100 anos após sua morte. Encerradas num pequeno pingente essa relíquia foi recuperada por uma Madalena no ano de 1792. Segundo os arquivos da Ordem, ele fornece a quem usar o dom da cura.

A Coroa de Monza.

Conta a história que Santo Antônio de Pádua (1195-1231) peregrinava nas terras ibéricas quando encontrou um mouro à beira da morte. Apesar dos mouros terem perseguido incessantemente os cristãos, inclusive martirizando vários deles na Palestina e regiões da arábia, Santo Antônio de Pádua teve clemência de seus ferimentos e levou o mouro para ser tratado numa estalagem a qual tinha passado dias antes. O mouro convalesceu durante três meses, sob os atentos cuidados do Santo até que nas véspera de Natal de 1227 ele estava restabelecido. O mouro que chamava-se Sallim Bazir Al Bakir, presenteou o santo com um cravo, que segundo ele foi conquistado nas cruzadas em Jerusalém. Estudando o cravo com atenção, em meio a suas orações, Santo Antônio de Pádua teve uma revelação: aquele era um dos cravos da cruz de Cristo. Sem demora ele rumou para a Itália, a fim notificar o Papa de sua descoberta. Na cidade de Monza, Santo Antônio de Pádua resolveu doar o cravo para um bispo, que por sua vez a doou a um artífice de jóias, para que a imortalizasse numa coroa. Assim foi feito: a coroa recebeu o nome de coroa de Monza e foi dada de presente ao Rei da Espanha pelo papa, quatro anos mais tarde. Após a morte do rei a coroa foi retornada a Monza onde ainda hoje é exposta na Basílica de Todos os Santos.

Relatos do diário pessoal do Rei da Espanha dizem que a coroa lhe acalmava os pensamentos e era por ele chamada de “fonte de eterna sabedoria”: “quando coloco a coroa em minha cabeça o peso do mundo parece desaparecer de meus ombros. O mundo trona-se claro, e minhas habilidades como governante, aumentam. Não é pura jactância ou fé: é um fato”.

Fragmentos da cruz onde Cristo foi martirizado.

A cruz de Cristo foi descoberta num poço em Jerusalém por Santa Helena, Imperatriz romana no período de 250 d.C. aproximadamente, mãe de do Imperador Constantino I. Apesar de ter sido encontrada no século IV ela permaneceu desaparecida por quase mil anos até que foi encontrada aos pedaços. Conta-se que na idade médias o pedaços e lascas da cruz, reunidos dariam para construir mais de um galeão. Esse fato é apregoado ao Papa Gregório I que determinou secretamente que a cruz fosse escondida num lugar secreto, temendo que seu grande poder pudesse vir a ser usado por algum governante inescrupuloso. Em seu lugar foram “vendidas indulgências” com lascas de madeira obviamente falsas, a fim de despistar quais quer pessoas que quisessem tomar posse da poderosa cruz. A localização atual da Cruz é desconhecida. Um dos papas morreu antes de revelar seu paradeiro. No entanto existem seis pedaços verdadeiros da cruz, retirados por um dos soldados que a levaram para seu local seguro (provavelmente em algum lugar da Nigéria). Cada pedaço mede menos de5 milímetrosde comprimento e está encerrada num pingente em forma de cruz.

Mesmo em tamanho tão diminuto o poder da cruz é assombroso. Nenhuma criatura de índole maligna tem coragem de atacar seu portador. Demônios fogem como se encarassem o próprio poder de Deus. Três dos seis pedaços estão em poder da Ordem das Madalenas.

O Ostensório de São Jacinto da Polônia (1185-1257)

São Jacinto da Polônia era um simples frade nas montanhas do leste da Polônia quando o mosteiro onde se encontrava foi atacado por tártaros. No momento do ataque Jacinto encontrava-se celebrando uma missa. Os tártaros atearam fogo ao mosteiro. Mundo de fé, São jacinto agarrou o ostensório da igreja e a imagem de Nossa Senhora das Dores e atravessou não apenas o fogo, mas todos os inimigos sem sofrer qualquer arranhão, até chegar as margens do rio Dnieper. De lá ele foi levado em segurança para a Cracóvia por soldados que lá encontrou. Em Cracóvia foi condecorado pelo Bispo.

Conta-se que o ostensório tem a capacidade proteger o seu portador de qualquer mal e perigo. Anos mais tarde o Ostensório foi roubado por tropas de Napoleão e lavado à França. Quando este foi destronado, o ostensório foi levado para uma Igreja em Paris, próxima da margem sul do Rio Sena. De lá foi novamente roubada e desde então seu paradeiro é desconhecido.

Milagre Eucarístico de Lanciano

A antiga Anxanum dos “Frentanos” (o povo de Roma antiga) conserva, depois de mais de doze séculos, um dos maiores Milagres Eucarísticos da Igreja Católica. O Milagre aconteceu no século VII d.C., na pequena igreja de S. Legonziano, pela dúvida que teve um monge da Ordem Basiliana sobre a verdadeira presença do Cristo na Eucaristia.

Durante a celebração da Santa Missa, depois da consagração, a hóstia transformou-se em Carne viva e o vinho tornou-se Sangue vivo, aglutinado em cinco glóbulos irregulares e de diversas formas e tamanhos. A Hóstia-Carne, como se pode ver muito bem hoje em dia, tem o mesmo tamanho da hóstia maior usada na Igreja latina, é de cor levemente escura e torna-se róseaem transparência. O Sangueé coagulado, de cor pálida tendente ao amarelo ocre. A Carne fica guardada, após 1713, num artístico ostensório de prata, elegantemente cinzelado, da escola napolitana.

O Sangue fica dentro de uma rica e antiga âmbula em cristal de rocha. Os frades Menores Conventuais guardam o Milagre desde 1252, por vontade de Landulfo, bispo da vila de Chieti, e com bula pontifícia de 12 de Maio de 1252. Os monges da Ordem de São Basílio guardaram o Milagre até 1176 e os Beneditinos até 1252. Em 1258 os Franciscanos construíram o santuário atual, que foi transformado em 1700 de estilo romântico-góticoem barroco. O”Milagre” foi colocado antes numa Capela ao lado do altar maior e depois, desde 1636, num altar lateral da Nave, onde ainda se conserva a antiga custódia de ferro lavrado e a epígrafe comemorativa.

Desde 1902 o Milagre está custodiado no secundo tabernáculo do altar monumental, erigido pelo povo de Lanciano no centro do presbitério. Após várias inspeções efetuadas pela Igreja a partir de 1574, um exame científico foi efetuado em 1970-71 e outra vez em 1981 pelo Professor Odoardo Linoli, catedrático da Anatomia e Histologia Patológica e Química e Microscópica Clínica, auxiliado pelo Professor Ruggero Bertelli, da Universidade de Siena.

Os resultados das análises, efetuadas de forma rigorosamente científica e documentadas por uma série de fotografias ao microscópio, são os seguintes:

A Carne é carne verdadeira. O Sangue é sangue verdadeiro.

A Carne e o Sangue pertencem à espécie humana.

A Carne é um CORAÇÃO completo na sua estrutura essencial.

A Carne contém, em seção, o miocárdio, o endocárdio, o nervo vago, e, no considerável espesor do miocárdio, o ventrículo cardíaco esquerdo.

A Carne e o Sangue pertencem ao mesmo grupo sangüíneo: AB (mesmo grupo sangüíneo encontrado no Santo Sudário).

As proteínas observadas no Sangue encontram-se normalmente fracionadas em percentagem a respeito da situação seroproteínica do sangue vivo normal.

Encontram-se no sangue os seguintes elementos: Cloreto, Fósforo, Magnésio, Potássio, Sódio e Cálcio.

A preservação da Carne e do Sangue milagrosos, deixados ao estado natural durante doze séculos e expostos à ação de agentes físicos, atmosféricos, e biológicos constitui um Fenômeno Extraordinário.

Ao final, podemos dizer que a ciência chamada em causa, forneceu uma resposta certa e definitiva a respeito da autenticidade do Milagre Eucarístico de Lanciano.

Embora ninguém jamais tenha tentado roubar essa relíquia um grupo de Madalenas está sediado na cidade de Roma.

Os olhos de Santa Luzia

A devoção a santa Luzia parece remontar ao século IV ou V d.C., como atesta uma inscrição encontrada nas catacumbas de Siracusa. O culto se difundiu em Roma e Luzia é lembrada no cânon da missa. É reconhecida como protetora de todos os que sofrem de algum mal da vista ou mesmo “protetora dos olhos” e dos que trabalham com lapidação, como se diz. Conta a história que ela foi presa e ameaçada de morte por defender a castidade. Em resposta corajosa a seu algoz ela preferiu arrancar os olhos e oferecê-los numa bandeja. Foi martirizada com uma espada que lhe atravessou a garganta. Em seu túmulo não foram encontrados vestígios de seus olhos. Conta a lenda que foi jogada aos porcos e recuperada por um camponês temente a Deus que os entregou a um amigo para que a levasse a Roma. Ambos os olhos estão desaparecidos desde esse dia. Dizem que confere a quem tiver um deles o dom da visão verdadeira (você pode ver a real forma da pessoa).

A Tocha de São Domingos de Gusmão

Nobre espanhol (1170-1221), contemporâneo de São Francisco de Assis, fundou a Ordem dos Pregadores ou Dominicanos, dedicando-se como devoto à virgem Maria, à divulgação do Santo Rosário. São domingos é considerado o maior promotor da reforma eclesiástica do século XIII.

Conta-se que certa vez, perdido em meio a terras desconhecidas, São Domingos recebeu a visão de um cão pastor, portando uma tocha acesa entre os dentes. Essa visão se repetiu por mais 3 dias e no fim do quarto dia, o santo recebeu do cão essa tocha. O cão simboliza a vigilância e a tocha a palavra de São Domingos que acenderia o amor de Cristo nas almas.

A tocha foi levada por São Luciano de Arimatéia para a sede da ordem dos Dominicanos, onde está guardada até hoje. Diz-se que quando a tocha, feita de cobre, é acessa, as pessoas a sua volta são imbuídas do poder de Deus, tendo sua alma preenchidas pela bondade do divino e tendo suas forças e vontades plenamente recuperadas. Sempre que a tocha é acessa há um alvoroço entre os cães à sua volta, que latem, uivam e correm em torno do próprio rabo.

Os Espólios dos Santos Doutores da Igreja Católica Ocidental

Santo Ambrósio de Milão (340-397 d.C.)

Nasceu em Trèves (possivelmente uma antiga província romana que hoje pertence à França) e era funcionário do Império Romano. Segundo contam-se os registros da Santa Madre Igreja, estando em Milão a serviço, dirigiu-se à Igreja, onde se sagrava um bispo, com o objetivo de manter a ordem pública. Entretanto, como gozava de grande prestígio entre a população da cidade, o clero e os fiéis ali presentes o aclamaram bispo. Ambrósio teria protestadoem vão. Depois, foi imediatamente batizado, ordenado sacerdote e enfim tornado bispo (é conhecido na Igreja como a mais rápida ascensão eclesiática já registrada). Exerceu atuação pastoral, política, litúrgica, e doutrinária tão marcante que lhe foi conferido o título de Grande Padre da Igreja Ocidental. Notável pregador Santo Ambrósio é considerado um dos quatro Doutores da Igreja Católica Ocidental. Conta-se que tinha grande apreço por todos os trabalhadores, especialmente pelas abelhas.

Seu espólio é um anel, de cristal de rocha oco, preenchido per cera de abelhas e mel e lacrado com ferro frio. Contam que o portador desse anel não será atacado por abelhas e pode até mesmo, se tiver fé o suficiente, controla-las.

 

Santo Agostinho de Hipona (345-430 d.C)

Filho de Santa Mônica, nasceu em Tugaste, na Numídia, África. Maniqueísta e professor de Retórica na África, depois Milão e finalmente Roma. Foi batizado aos 33 anos por Santo Ambrósio. Fundou a Ordem dos Agostinianos, foi bispo de Hipona e é considerado um dos quatro grandes Doutores da Igreja Católica Ocidental. Foi autor do Auto das Confissões e Cidade de Deus.

Conta-se que Santo Agostinho costumava ser também um homem de ação. Muitas vezes ele fechava casas de jogo ou de prostituição à força utilizando-se de seu báculo episcopal. Conta-se que nessas horas era impossível derrota-lo.

O seu espolio é essa báculo. Feito de carvalho, com ponteira de prata em sua base e uma cruz com o coração de Jesus em auto relevo na parte superior. Dizem que mesmo os demônios não podiam absorver os ataques causados por esse bastão.

 

São Gregório Magno

Considerado um dos quatro grandes Doutores da Igreja Católica Ocidental, Gregório Magno nasceu em Roma, foi monge beneditino e tornou-se para depois da morte de Pelágio II, em 590. Seu papado é considerado um dos mais tranqüilos de todos. Extremamente pacífico pregou exaustivamente o poder do Espírito Santo.

Seu espólio é uma tiara de prata, que assim conta-se, recebeu de um comerciante de Jerusalém. Essa tiara esta devidamente preservada no museu de artes sacras de Veneza. Todos os que se aproximam dele sentem um inegável poder preencher-lhes os espíritos. Parecem até falar a mesma língua, aqueles que dele se aproximam. Conta-se que a Tiara foi imbuída com o poder das Línguas de Fogo (falar e compreender qualquer língua) do Espirito Santo.

 

São Jerônimo

Filho de nobres cristãos, nasceu na Dalmácia em 331 d.C. e desde jovem demonstrou grande talento e vocação para a vida ascética. Sob a orientação de um mestre pagão, estudou em Roma.

Conta-se que São Jerônimo esteve exposto a tentação da vaidade, da luxúria, e do orgulho, as quais resistiu bravamente. Penitente, abandonou as ciências profanas e dedicou-se a vida religiosa. Visitou a Antioquia, onde se tornou sacerdote e passou a viverem Belém. Foisecretário pessoal do papa Damásio. Entre seus trabalhos constam a tradução da bíblia para o latim. Foi declarado Grande Doutor da Igreja Católica Ocidental.

São Jerônimo deixou como espólio seus dentes, preservados num pote de barro. Conta-se que esses dentes podem ser forjados na forma de pontas de flecha, criando assim uma arma mortal que jamais erra o seu alvo. Dos 33 dentes originais apenas 21 continuam preservados.

Um conto de San Felipa

Recuperado recentemente do meu HD, sobre um cenário para M&M que eu escrevi.

Desde que me entendo por gente eu quis ter superpoderes. Sempre quiser ser como os heróis dos livros de história. Voar, escalar paredes, derreter paredes com o toque das minhas mãos… Ah como eu queria ser herói. Omo eu queria ser diferente, como eu queria ser especial… E hoje eu sou e não sei se ainda quero.

Faz poucas semanas que descobri que tenho esses poderes. Aconteceu quando estava voltando para casa e ouvi uma explosão perto do porto. Depois fui coberto por uma nuvem de fumaça meio arroxeada. Acordei em casa. Não sei como fiz para chegar lá.

Bom, mas independente disso eu tenho alguns poderes agora. Vôo (um pouco mais rápido do que o meu correr, mas é um vôo), invisibilidade (na verdade lembra muito efeito de ficar transparente), resistência razoável (coisas como ser acertado por um ônibus a toda e sair andando… ok, mancando!), uma regeneração esquisita (ei, levei menos de duas horas para me recuperar totalmente da pancada do ônibus). Enfim, eu acho que agora tenho o que é preciso pra inventar um nome legal, uma roupa estranha e sair voando por aí resolvendo os problemas dos outros e saindo na capa do jornal.

Você acha que ser um herói é divertido? Que é um jogo? O herói é uma pessoa que fica a margem. O herói não faz mais parte do corpo da humanidade. O herói anda no fio da navalha entro o céu e o inferno porque não se importa com sentimentalismos ou fantasmas da opinião pública. O herói segue um padrão elevado de verdade e justiça.
Herói, é apenas um título deixado, em geral, para a posteridade.

E se eu for o único? Eu acho que não. Eu já vi coisas esquisitas nesta vida. Mas e se eu for? Como poderei ajudar os bilhões que precisam de mim? Impossível. Depois além de tudo, a ingratidão por não ter salvado esta ou aquela vida. Como decidir qual vida tem prioridade? Como decidir o que é mais importante?

Voar pelo mundo salvando doentes terminais poder ser muito bonito de se imaginar, mas nunca haveria tempo de salvar todos que morrem a cada SEGUNDO.

Mesmo que eu não pudesse salvar pessoas (eu acredito que seja minha maior maldição), o resto que eu faço poderia causar problemas. O que é mais importante? Ajudar a capturar bandidos? Traficantes? Espionar terroristas? Como fazer tudo? Impossível.

Mas, dia desses eu estava andando pela Washington Beach. Era fim de tarde e vi ao longe um cara que parecia estar dançando. Achei que ele estava louco e acabei me aproximando para ver. Ele pegava estrelas do mar que haviam encalhado na praia – e portanto faziam à festa das centenas de aves marinhas que se banqueteavam com elas – e as jogava de volta ao mar. “Por que você está fazendo isto?”, perguntei. “Você não vê?”, explicou o velho, que alegremente continuava a apanhar e jogar as estrelas ao mar, “A maré está vazando e o as aves estão se reunindo para o jantar… elas irão morrer se ficarem aqui na areia.” Espantei-me com a resposta e do velho e achei mesmo que ele estivesse louco. “Olha só coroa, existem milhares de estrelas-do-mar espalhadas pela praia. Você joga algumas poucas de volta ao oceano, mas a maioria vai se acabar de qualquer jeito. De que adianta tanto esforço, não vai fazer diferença?” O velho se abaixou e apanhou mais uma estrela na praia, sorriu para mim e disse: “Para esta aqui faz diferença….”, e jogou-a de volta ao mar. Naquele mesmo dia não consegui dormir.

Hoje, do alto dos prédios de Washington Beach eu vejo o velho catador de estrelas-do-mar. Vejo o seu trabalho, ao cada fim de cada tarde, quando o meu começa. Eu coloco a minha máscara e olho para os becos. Lá longe ouço um grito de mulher. Mergulho para noite escura, voando por sobre os letreiros de néon. A imprensa sensacionalista me chama de Estrela Negra, de Predador Noturno, de louco… Mas as pessoas que eu ajudo sabem como me chamar. Me chamam de herói.

A Cesar o que é de Cesar.

Sempre admirei o bom trabalho, não importa de onde ele vem. Bem, “não importa” é um pouco forte e bem genérico. Na verdade eu costumo medir muito do que admiro não apenas pelo trabalho realizado, mas pela ética do autor do trabalho. Chego até mesmo a deixar de ouvir certos cantores, acessar certos blogs e prestigiar certas mídias pelas opiniões por seus autores retratada. Como um humanista, não posso deixar de unir a obra e o criador num único pacote.

E quando o assunto é RPG, não poderia ser diferente. Não posso deixar de ver que o mercado hoje está efervescendo, vencendo com criatividade e atitude a assim chamada “crise do RPG”. É uma resposta bacana, baseada no amor que sempre permeou os praticantes de RPG no Brasil, somada com uma atitude que eu não via a muito tempo, chamada “lets do it”. O lets do it (nada a ver com a Nike) é um ideal de trabalho do período antes da internet. Quando não havia livros e revistas de RPG no Brasil. Se você queria alguma coisa, você simplesmente ia e fazia o que tinha de ser feito. MUITO LEGAL ver que esta atitude não morreu e novas editoras vêm surgindo apostando em propostas de design que foram discutidas na última década que passou.

Neste ambiente frutífero vale a pena apontar aqueles que realizam um bom trabalho. Na verdade, um excelente trabalho. E para começar a rasgação de seda quero dar os parabéns para um dos game designers em atuação no Brasil hoje em dia: Guilherme dei Svaldi.

E quem é você para dizer isso, Valberto? Por que eu deveria simplesmente acreditar na sua opinião para apontar o talento deste cara? Como vou saber que você não esta simplesmente “puxando o saco” do cara para conseguir alguma coisa com ele? Bom, se você me conhece minimamente sabe que eu só puxo o saco de duas pessoas nesta vida e olha que estas duas pessoas não têm saco: minha esposa e minha mãe. Outra coisa: quem me conhece sabe que eu não sou de fazer elogios  e se eu digo que alguém tem talento, pode correr atrás que o cara provavelmente tem. Ou isso ou me enganou muito bem – o que não é o caso aqui.

E como eu sei que o Guilherme é um bom Game Designer? Simples: ele encontrou uma solução para lá de bacana para um problema mecânico que eu venho enfrentando desde abril de 2008. Eu sempre gostei de experimentar coisas no jogo e uma das coisas que eu mais gosto é dar opções aos personagens. Em 2008 eu criei um sistema que premiava os jogadores que adotavam escolas de combate. Mesmo a ideia sendo muito boa, mecanicamente ela era muito ruim. Precisava de 12 níveis para ter alguma habilidade especial digna de nota e algumas estavam desbalanceadas.

O que o Guilherme fez para resolver este problema? ele criou um engenhoso sistema que ao gastar um ponto de talento (feats) você ganha duas manobras de combate e três pontos de energia para usar essas manobras em luta. Sistema simples que resolveu o meu problema. Dividindo esse sistema em Golpes, Posturas e Escolas ele fez com que eu tivesse vontade de comprar o meu primeiro livro de Tormenta: o Manual do Combatente. Pode ser que tenha algumas aberrações no meio do livro, mas pelo que eu vi até agora está bem equilibrado e divertido de usar.

Por isso, palmas para o Guilherme. Ele merece.

 

Yamato

Quando eu era pequeno eu tinha muita pouca coisa para fazer nas minhas tardes. Os meus passatempos favoritos erma ler gibis, recortar desenhos bacanas destes gibis para brincar com eles de histórias em quadrinhos móveis, brincar com meus bonecos articulados dos comandos em ação, e finalmente assistir TV.

Não quero soar nostálgico aqui, mas acredito que neste aspecto, tive uma excelente infância junto à telinha. Só para ficar no campo dos desenhos animados, pois se não a lista ficaria grande demais, pude ver as fantásticas aventuras de Flash Gordon, acompanhar as batalhas dos Herculóides, Galaxy Trio e Homem Pássaro, além dos impagáveis Impossíveis, Pirata do Espaço, Galaxy rangers, Thundercats, GI Joe, Trasnformers G1, só para citar alguns. Mas um deles me chamou a atenção: Star Blazers.

Star Blazers é a versão americanizada de “Space Battleship Yamato”. Para quem não sabe ou tem preguiça de dar um pulo na Wikipédia: “(…) Conta as aventuras da tripulação do encouraçado espacial Yamato, adaptado para viagens espaciais no ano de 2199, a partir do encouraçado japonês Yamato, afundando na segunda guerra mundial. Até então, seus destroços estavam encalhados no fundo do oceano. Foi adaptado para ser a última esperança da Terra na resistência contra os ataques do planeta Gamilon”.

Como eu adorava aquilo ali. Não apenas eu, mas todos os meus colegas de escola. Todo dia na hora do recreio, era padrão bater um papo sobre o episódio de ontem. Como não tínhamos videocassete prestávamos muita atenção nos episódios. Com oito ou nove anos de idade a história não ficava muito clara para mim, mas entendia o bastante para me divertir e para ser um grande fã da série.

Eis que algum tempo atrás, fiquei sabendo de um filme longa metragem, live action, sobre o velho Yamato. Não pude me conter de felicidade quando vi que os personagens estavam devidamente personificados por atores muito parecidos com os personagens do desenho e muitos dos designs da época foram transportados para o longa. Mas hoje eu pude ver o filme e posso dizer que foi uma verdadeira obra-prima.

A maneira como eles conseguiram não-sei-quantos episódios da saga “Busca de Iscandar” em pouco mais de duas horas de filme foi apaixonante. As sequencias de combate espacial são divinas, mas o que me chamou a atenção foi a maneira como a ideia de auto-sacrifício por um bem maior são colocadas no filme de forma natural, e em alguns casos, até mesmo selvagem. O filme está repleto de honra, esperança, auto-sacrifício, a busca por pertencer a algo maior. Quando Kodai Susumu (Wildstar no versão americana/brasileira) se sacrifica para explodir a nave-bomba Gamilon eu quase chorei. Foi um filme magistral.

Os americanos poderiam aprender um truque ou dois com este tipo de adaptação, de como fazer de uma obra grandiosa para seu tempo ressoar de forma significativa nos dias atuais. Só mesmo uma obra de arte como esta para me tirar de minhas merecidas férias.

Vejo vocês outro dia.