Caçadores Caçados (ou no original Hunters Hunted) é um suplemento para o RPG Vampiro: a máscara, lançado pela editora americana White Wolf no começo da década de 90. Este foi o primeiro suplemento para a série criada por Mark Hein-Hagen que focava nos humanos e na sua luta contra o sobrenatural. Entretanto, este é um livro absolutamente desatualizado. Ele foi feito quando o Vampiro ainda engatinhava. A versão que chegou ao Brasil ainda é para a primeira edição do jogo e conta com conceitos no mínino estranhos, como lobisomens que não têm controle sobre suas transformações, ou magos com poderes, digamos, fora do espectro comum.
O livro, apesar disso, apresenta uma temática diversificada e muito apaixonante: a de jogar com humanos num mundo infestado de criaturas sobrenaturais, especialmente vampiros. Tão apaixonante que mais de dez anos do seu lançamento e mesmo depois do anúncio da editora que o seu material estava obsoleto e, portanto, não era mais oficial (embora ainda pertencesse à editora) ainda existem grupos que se reúnem com o seu velho exemplar surrado ou baixado para caçar alguns cainitas. Este artigo é uma espécie de homenagem a estes loucos apaixonados pela fina arte de serem humanos que são desprovidos de grandes poderes ou recursos, mas mesmo assim, ainda encontram forças para levantar, resistir e às vezes, até triunfar.
O Mundo
Sob muitos aspectos, este mundo é muito semelhante ao nosso. O Cristo Redentor continua no Rio de Janeiro e o natal tem neve com Papai Noel em Times Square. A Torre Eifell lança sua sombra imponente sobre os casais apaixonados no rio Sena e a tecnologia vem ganhando cada dia mais espaço.
A principal diferença deste mundo para o nosso é a presença de criaturas sobrenaurais. Vampiros, Lobisomens, Feitceiros e outras formas não são apenas mitos para assustar crianças e enriquecer o bolso dos produtores de Hollywood: eles são reais. Perigosamente reais.
Embora existam outras criaturas, os vampiros são os mais comuns. Eles infestam e controlam a sociedade humana a milênios, mexendo seus pauzinhos à sombra. São eles que controlam a polícia, os grandes meios de comunicação e transporte, as cortes jurídicas e muitos outros aspectos da vida moderna. Até mesmo governos são fartos alvos de sua influência.
Existem basicamente dois tipos de Vampiro: o sangue e o meio sangue. O sangue, também chamado de puro-sangue é um vampiro que já nasceu com esta condição. São criaturas ancestrais, poderosas, que vivem no mundo desde a aurora dos tempos. São os líderes incontestáveis de suas castas.
O segundo tipo são os vampiros meio sangue. Este termo, um tanto pejorativo, designa vampiros que não nasceram como tal, mas que foram transmutados em vampiros. Além de não terem acesso a todos os poderes e habilidades de um puro-sangue eles estão bem mais próximos do mundo modernos dos humanos. Alguns deles agem como arautos dos antigos, enquanto que outros buscam seu lugar no mundo através de sua própria influência, poder ou status.
Além desta classificação existem os clãs. São as espécies a que cada vampiro pertence. Existem cinco clãs no total:
Nobilis – o clássico vampiro europeu, imortalizado pelos contos de Bram Stoker;
Nosferatu – vampiros modernos, vivendo em meio aos humanos;
Selvagens – como o próprio nome já diz são vampiros que são conhecidos por sua selvageria;
Tenebros – vampiros que lidam com magia e sombra;
Imortus – vampiros que tem poder sobre a morte.
Além dos vampiros, existe ainda a classe dos “familiares”: humanos que servem os vampiros em troca de algum ganho pessoal, medo ou mesmo na esperança de serem um dia transmutados em vampiros. Entretanto a grande maioria não possui qualquer traço ou poder sobrenatural. Quase sempre são usados como bucha de canhão, mensageiros, vigias, escravos ou contatos de algum tipo. Boa parte dos familiares fará qualquer coisa para defender seu senhor e as cores do seu clã – outros, descontentes com sua situação estão mais que dispostos a trair seus superiores. Muitos familiares trazem os símbolos de seus donos ou de seus clãs tatuados em alguma parte do corpo – normalmente no pescoço para que outros vampiros saibam que aquele saco de sangue já tem dono.
Poderes e Fraquezas
Ao contrário do que se pensa, cada vampiro é um ser único. Apensar de possuir um clã e uma origem estas informações são pouco quando para determinar as fortalezas e fraquezas de um vampiro.
De modo geral os vampiros são mais fortes e resistentes que seres humanos. Como não tem órgãos internos funcionando não sofrem do choque traumático de certas armas e golpes, podendo recuperar-se deles com muita facilidade. Vampiros não precisam respirar – embora muitos o façam por hábito – e portanto não são afetados por estrangulamentos, afogamentos, ou gases nocivos. Quanto mais velho um vampiro, mais poderoso ele é.
Todos os vampiros, no entanto, parecem partilhar de uma série de fraquezas. A primeira delas é a incapacidade de suportar a luz do sol. Um vampiro exposto a luz solar entra em combustão espontânea e morre. Mas assim como cada vampiro é único suas mortes também o são. Alguns viram pó imediatamente, outros queimam lentamente, outros explodem. O que é certo é que no momento de as morte o vampiro tentará levar consigo o seu algoz.
Outra fraqueza dos vampiros é a sua suscetibilidade à prata. Um vampiro não pode absorver o dano de armas de prata que ultrapassa suas incríveis defesas sobrenaturais. Vampiros também são suscetíveis a queimaduras, seja por fogo ou por ácido.
Alguns vampiros só conseguem descansar quando são deitados em camas ou caixões forrados por terra vinda de sua terra natal. Esta terra vai sendo maculada pela presença do vampiro e precisa ser trocada de tempos em tempos. Um vampiro que possui esta característica não “dorme” com sua terra não é capaz de recuperar seus ferimentos ou o seu cansaço físico e acabará morrendo.
Outros vampiros são suscetíveis ao apelo da fé. A presença de pessoas fervorosas ou de símbolos religiosos as incomodam e em certos casos, podem até ferir. Muitos membros possuem outra fraqueza, chamada de exclusão de presa: só podem alimentar-se de um tipo Também é razoavelmente comum a Vulnerabilidade ao Alho (Allium sativum) que causa queimaduras em contato com a pele. Outra forma de sensibilidade é a Hipersinsibilidade one qualquer tipo de luz natural é capaz de queimar a pela do vampiro – mesmo a luz da lua.
Alguns membros conseguem despertar outros poderes avulsos, tais como o poder de influenciar plantas, de alterar probabilidades, telecinese, resistência à prata, entre outros. Outros vampiros desenvolvem fraquezas diferentes como vulnerabilidade ao plástico, incapacidade de cruzar água corrente, etc.
O conselho dos anciões
Os vampiros se reúnem numa intrincada estrutura de relações sociais regidas pelo código – uma série de leis que os vampiros têm de seguir. Aqueles que ferem o código podem sofrer desde uma sanção pública ou, dependendo de seus crimes podem ser caçados e mortos. A principal diretriz do código é manter a existência dos vampiros como um grande segredo. Filmes sobre vampiros, livros, jogos e outra mídias são constantemente patrocinadas pelos membros a fim de desacreditar a população quanto a existência dos predadores noturnos.
Quem regula e aplica o código é o conselho dos Anciões. Ele é composto pelos mais antigos vampiros do mundo. Qualquer vampiro pode participar de suas assembléias, mas é claro que os puro-sangue tem mais poder e voz mais ativas nelas. Nas reuniões o conselho é formado tradicionalmente por 12 membros (dois de cada clã e mais dois representantes da cidade onde ele se realiza). A modernidade, entretanto, deixou esta regra bem mais flexível: vídeo-conferências, reuniões pelo MSN, ou reuniões mais casuais são a moda do século XXI.
Cada grande linhagem tem um símbolo, conforme o quadro abaixo.
Cada cidade é administrada por uma versão local deste conselho. Não existem leis proibindo a criação de novos vampiros, mas, o mentor é responsável por todos os atos de seus pupilos até que eles sejam considerados adultos (algo como uma ou duas décadas).
Além de ser administrada por um Conselho que decide tudo a nível municipal a cidade também é zoneada entre os principais clãs da cidade. Áreas de caça e de influência são delimitadas por fronteiras invisíveis, muitas vezes camufladas na forma de pichações para evitar os olhos mortais. Muitos membros mais antigos são mais poderosos que todo o Conselho, mas evitam os assuntos mundanos.
Apesar da aparência cortês que demonstram os vampiros recorrem ao Conselho apenas para não entrarem em guerra franca uns com os outros. Quando podem não leva questões ao conselho resolvendo tudo por baixo dos panos.
As Fazendas de Sangue
Muitas cidades grandes recorrem às Fazendas de Sangue. Mantidas pelos Imortus estas fazendas são compostas por humanos que desafiaram de alguma forma a cultura vampírica e são mantidos em coma induzido, sendo alimentados de forma intravenosa, tendo seu sangue colhido de tempos em tempos. O sangue dessas fazendas é considerado 100% limpo e pode saciar a fome de qualquer vampiro sem que sua última refeição venha aparecer na página dois de qualquer jornal sensacionalista.