D&D Game Day 2009: o dia que antes de ser já foi.

O D&D Game Day é um evento que causa certa euforia entre os jogadores, especialmente os que gostam de D&D 4E, afinal de contas é um dia de ver as novidades, arrumar uma desculpa para ir jogar e claro, ganhar os brindes da wizards, que são muito bons.

Este ano o dia D foi uma experiência diferente para todo o Brasil. Ao invés de apresentar a mecânica do D&D 4.0 serviu para apresentar as novas classes previstas no Player’s Handbook 2 e suas novas mecânicas em níveis mais elevados. Era a chance para quem ainda não tinha visto o novo D&D em ação, especialmente em seus níveis mais elevados. O lance é que deu quase tudo errado.

Não apenas no DF, mas em Minas Gerais também o evento esteve muito perto de não ocorrer, ou só ocorreu graças a MUITA BOA vontade dos jogadores que são, na minha sincera opinião, o maior tesouro do RPG brasileiro. Em Minas, a escola que estava programada deu para trás no último minuto. E no DF, os donos da Pendragom só esqueceram de avisar que haveria campeonato de Yu-Gi-Oh no mesmo dia do evento. Não posso falar de MG porque não estava lá, mas no DF segue o relato abaixo.

Quem já foi na Pendragon sabe que a loja é bonitinha e salta aos olhos com o monte de coisa nerd que esta lá fazendo decoração – mas que não está à venda como pôster original de Thundercats de 1986 – mas também sabe que lá é pequeno como um ovo. Pequeno mesmo. Em baixo tem apenas uma big mesa redonda, e em cima espaço para 4-5 mesas. E desta vez todas tomadas por duelistas. Não seria um problema porque estamos no Venâncio 2000 uma das galerias mais espaçosas do DF. Mas justamente por estar no Venâncio 2000 é que temos um problema: o Venâncio tem muitos donos que não se entendem por isso qualquer evento lá é normal e absolutamente problemático. Os seguranças não deixavam sequer que sentássemos o largo de enormes vãos que serviam apenas para aparar goteiras e acumular poeira. Mesmo quando descolamos umas mesas num restaurante, fomo expulsos pelos seguranças porque não tinha sobrado ninguém do restaurante e segundo eles precisaríamos de uma autorização por escrito, com o nome de todo mundo das mesas para poder ficar lá.

Eu não sei se vocês percebem o tamanho da encrenca, mas esses seguranças são o reflexo de quem não quer ganhar dinheiro. Eram pelo menos 20 pessoas espalhadas em 4 mesas, somando os eventuais conhecidos que iam chegando e jogando. Se cada um comprasse apenas um refrigerante em lata, o vendedor apuraria quase 40 reais. E todo mundo sabe que jogar dá sede mesmo. Mas nem para isso os “donos” do Venâncio servem. Não admira que ao lado de um dos mais movimentados shoppings de Brasília o lugar esteja praticamente às moscas com um cara de “parei nos anos setenta”.

Mas de boa, nem foi isso que incomodou. Não incomodou também o fato de não ter vindo o material dos kits, parados sabe deus porque na Alfândega brasileira em Campinas. Não me incomodei tanto assim com a Pendragon ou com o Venâncio. Não me incomodou tanto nada disso. O que me incomodou foi a maneira tacanha como o mestre conduziu a aventura. Sério. Quando ele começou a descrever a aventura: “Os PdJs acabaram de chegar aos limites da cidade de Urze Lamuriante, viajando através de uma violenta tempestade. Quando os jogadores estiverem prontos para começar, leia”. Juro, ele disse “leia”. Tava na cara que ele não estava preparado para mestrar. E mais… Urze Lamuriante? Só não soou pior que o Ataque Vocimerante do bárbaro warforged. O que diabos é vocimerante? Essa palavra nem mesmo existe! Existe vociferante, que significa pronunciar colericamente; bradar: vociferar insultos, mas que ainda não tem nada a ver com a habilidade “at Will” do bárbaro.

Os combates também foram longos e tediosos. Acabaram se tornando divertidos pelas lamentações do paladino que num crítico tirou 16 de dano – qualquer ataque “at Will” do bárbaro causava pelo menos 25. Ponto positivo para o jogador que estava de bardo que mandou um “tchurururu, eu amo você” para o urso atroz. Mas observando as fichas depois o mestre poderia ter feito este encontro mais divertido. MUITO mais divertido. Puxa, levou quase 3 horas para dar cabo deles. Não compensa mesmo jogar D&D com os monstros com PV cheio. Foi como um amigo descreveu: é o Mindless RPG: desligue o cérebro e divirta-se. Achamos até que um dos jogadores se parecia com o Marcelo Del Debbio, o que valeu umas boas gargalhadas. Em suma, não chegamos ao moinho, não conseguimos salvar a menina, só que fizemos foi dar porrada em alguns brutamontes.

Resultado: foi um dia para esquecer e aprender com ele para que não se repita mais. Não como foi feito. Não daquele jeito. E serviu para saber mais umas coisas: qualquer jogo pode ser divertido – até mesmo um jogo que demora três horas num único combate – se você tem os jogadores certos na sua mesa e que eu continuo não gostando mesmo do 4.0.